História de maconheiro, lenda urbana ou realidade? O Verão da Lata marcou muita gente, e aqui vamos te contar exatamente o que aconteceu naquela época mágica.
Imagine só: você está de boa na praia, ouvindo uma musiquinha, vai molhar os pés na água e encontra uma latinha misteriosa. Quando abre, você descobre cerca de um quilo e meio de maconha. Parece até mentira, mas isso seria bastante possível durante o verão de 1987 – ou, como já é mais conhecido, o Verão da Lata.
O fato já rendeu música, marchinha de carnaval e, é claro, uma ótima história pra se contar. Muita gente ainda acha que é lenda, mas é um fato documentado (e existe até livro sobre)!
Quer conhecer mais essa história maluca, que rendeu muita verdinha da boa pra galera da costa do Rio de Janeiro? Aqui, a gente te conta tudinho!
Como essa erva veio parar aqui?
Nossa história de hoje começa com um navio – o Solana Star. Ele saiu das ensolaradas terras da Austrália em 1987, e deveria chegar no Panamá. Mas, na sua rota, existiam alguns “desvios”: o primeiro foi em Singapura, no sudeste asiático, onde as preciosas latinhas foram recebidas. Elas deveriam entrar nos Estados Unidos a partir de Miami.
Entretanto, no final de agosto, a Polícia Federal do Rio recebeu um comunicado dos EUA de que o navio estava no litoral do Rio de Janeiro carregando 22 toneladas (!!!!) de maconha, que seriam depois repassadas para outros dois barcos com destino à Miami. A tripulação descobriu que o barco estava sendo procurado e despejou todo seu arsenal no mar. Lá por 20 de setembro, diversas latas começaram a ser encontradas no litoral do Rio de Janeiro e São Paulo.
Pescadores foram os primeiros a topar com elas: 18 latas semelhantes às encontradas em supermercados para vender leite em pó foram achadas boiando próximas ao litoral de Maricá, no Rio de Janeiro. Assustados após abrirem algumas delas, os pescadores locais entregaram o carregamento para a Polícia Militar. Mas apenas cerca de duas mil delas foram apreendidas – muito pouco em relação ao número total.
Ao todo, 15 mil latas de cannabis da mais alta qualidade foi parar no mar – e sorte a de quem achou!
Eita! E o que aconteceu depois?
Se você fez as contas, deve ter percebido que, no ano do Verão da Lata, estávamos vivendo numa ditadura militar – e que a polícia não é fã de maconheiro a gente sabe bem. Mas o desfecho da história é bem tranquilo, na verdade.
O que aconteceu foi que, depois de se livrarem do seu carregamento, a tripulação do Solana Star pediu para entrar com o navio no Porto do Rio para realizar alguns reparos no motor. O barco ficou atracado e quase todos os integrantes da equipe fugiram para fora do país – com exceção do coitado do cozinheiro, Stephen Skelton, que acabou sendo preso.
Segundo Wilson Aquino, jornalista e escritor do livro “Verão da Lata”, que narra toda essa fatídica história, Skelton foi condenado a 20 anos de prisão, mas ficou só um ano na cadeia. À época, o STF achou que a quantidade apreendida no barco era muito pequena para condená-lo por tráfico internacional, e também não havia como comprovar a relação do ex-cozinheiro com as latas canábicas.
As latas ficaram à deriva, e existem registros de que foram encontradas desde a Praia do Tombo, no RJ, até a Praia do Cassino, no RS. O Solana foi responsável por um verão bem interessante pra grande parte do país, e muita gente saiu à caçar latas pelo oceano.
E era da boa…
Tem gente que encontrou a lata (ou que conhecia alguém que encontrou uma lata) e conta que foi a melhor erva que já fumou na vida. Reza a lenda que a maconha da Lata vinha mergulhada em uma espécie de óleo de cannabis, o que aumentava ainda mais sua potência. Vários apelidos surgiram para ela, como Veneno da Lata e Mike Tyson (um soco por tragada).
Essa história tem mais de trinta anos, mas ajudou a moldar a cultura canábica brasileira. Até hoje se fala no Verão da Lata – e, convenhamos, não seria ruim se isso acontecesse de novo, né?
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Eu e amigos aos 20 anos pescamos uma lata em Itaúna, Saquarema, e era melada e escura, e sem dúvida foi a erva mais potente que fumei na vida. Parecia LSD.
Eu e amigos aos 20 anos pescamos uma lata em Itaúna, Saquarema, e era melada e escura, e sem dúvida foi a erva mais potente que fumei na vida. Parecia LSD.