Em 2015, o Girls in Green surgiu como uma conta no Instagram, com o objetivo de adquirir mais informações independentes sobre o cultivo da cannabis e extrações. Nesse primeiro momento, também queríamos fazer parte de uma rede, e encontramos na internet esse espaço onde as pessoas se juntavam para falar de um tema proibido.
E é difícil matar a sede de informação num universo proibicionista, não é verdade?
Nossa rede passou a se expandir com a troca de informações: viajamos muito, estivemos em diversos países com diferentes políticas de drogas, e isso nos deu a base para transformar um espaço de busca de informação em produção de conhecimentos. E quem segue a gente desde o começo acompanhou essa transição com a gente! Além de tudo, a Alice, nossa fundadora, trouxe toda sua bagagem de Redução de Danos para esse contexto canábico, unindo duas de nossas maiores paixões: essa plantinha tão querida da qual falamos tanto e o autocuidado.
Hoje, nosso principal propósito é disseminar conteúdo de qualidade, focado em estratégias de redução de danos baseado em nossa relação com a cannabis e estudos científicos, sem julgamentos e através de diferentes canais de mídia, para sermos o mais acessível que podemos. Queremos transformar a partir da educação!
Atualmente, trabalhamos com projetos de mídia, comunicação voltada a empresas canábicas e produtos para viabilizar a produção e distribuição de conteúdo educativo gratuito.
Esse conceito é o maior pilar do Girls In Green. Todo o projeto se sustenta nas diretrizes e nos princípios éticos da Redução de Danos. Tal forma de cuidado vai para além das estratégias individuais para minimizar os efeitos das substâncias e se expande para uma garantia de direitos aos usuários e não usuários. Informação é um direito, e informações de qualidade e com embasamento científico também – focamos nisso para disseminar conteúdos de qualidade para usuários e não usuários de cannabis, com a linguagem correta e que se aproxime da realidade dessas pessoas. A partir dessa conexão, a educação holística, ciência, sustentabilidade, igualdade entre gêneros e acessibilidade entram. Todas essas ações são fomentadas a partir do que é mais básico na redução de danos: respeitar as pessoas que fazem uso de substâncias (tanto de forma terapêutica quanto medicinal), garantir a sua autonomia e lutar pelos seus direitos.
Acreditamos que a educação não pode ter uma forma pré-determinada, com uma relação vertical de hierarquia. Todos aprendemos juntos, com vivências e experiências diferentes, a diferença é a nossa essência. A educação também tem que respeitar as diferenças, pois as mais diversas formas de aprendizado podem ser exploradas. A educação holística, por não se limitar às maneiras tradicionais de educar, vem como uma forma mais eficaz das pessoas assimilarem novas informações e ideias, abordando temas do seu cotidiano, respeitando a sua identidade e sua relação com a natureza, a comunidade e a espiritualidade.
A tecnologia, a ciência e dados trazidos através de pesquisas são ferramentas muito importantes para combater o moralismo e o preconceito que foram instaurados pela Guerra às Drogas. Nosso objetivo é nadar na contra a corrente, disseminando informações reais sobre a cannabis, suas mais variadas propriedades e os seus riscos também. Não podemos educar através do medo.
A linguagem oral e escrita são as formas principais de passar conhecimento adiante, e o modo no qual nos comunicamos tem o objetivo de atingir o maior número de pessoas possível. A acessibilidade diz respeito compartilhar conteúdos com a temática acessível. Afinal, de que vale a ciência se ela ficar apenas na bolha científica ou acadêmica? Queremos democratizar a informação e, através do ciberativismo, estimular a autonomia dos indivíduos para tomarem decisões conscientes, com dados confiáveis para que, a partir deles, possam construir sua estratégia de redução de danos e fazer as melhores escolhas para suas vidas. Nosso objetivo é também possibilitar, através da internet, que estejamos em todos os lugares: em qualquer espaço, interessados em aprender mais sobre o assunto poderão fazer isso em poucos cliques.
O Girls In Green foi criado por duas mulheres feministas. Lutamos pela representatividade feminina no meio canábico – um espaço que ainda é, infelizmente, bastante machista. Queremos uma relação de igualdade para que sejamos respeitadas, tanto pelos nossos conhecimentos quanto pelas nossas histórias, para garantir que cada vez mais mulheres tenham o direito de trilhar essa jornada libertas de estruturas patriarcais.
Não existe planeta B, e a Terra é o único planeta onde podemos habitar. Por esses e outros motivos, nosso foco é a redução de danos não apenas voltado ao nosso próprio cuidado ou da população, e sim de maneira holística e voltada para sustentabilidade. O uso da terra de maneira consciente e regenerativa e o respeito pelos nossos recursos naturais permeiam todo o nosso conteúdo. Traremos estratégias e garantias de que tanto o plantio quanto a produção da erva e de seus derivados sejam feitos de maneira mais harmônica com a natureza.