GIRLS IN GREEN

Não é apenas na cannabis que podemos encontrar canabinoides e substâncias que estimulam a produção de endocanabinoides! Curioso, né? Vem descobrir isso com a gente!

Muito mais do que permitir que você chape gostoso, o sistema endocanabinoide regula uma série de funções essenciais para o nosso organismo. Embora ele seja uma descoberta recente, são inúmeras as pesquisas que exploram sua capacidade e importância para nós, humanos, e para vários outros mamíferos. E elas já nos trazem fatos incríveis!

Além dos canabinoides presentes na maconha, existem os endocanabinoides, que são produzidos pelo nosso corpo e possuem o mesmo tipo de ação. Mas o que também foi trazido à tona é que outros tipos de plantas produzem fitocanabinoides e terpenos que interagem positivamente com nosso sistema endocanabinoide, tendo o poder de regular suas funções quando a produção de endocanabinoides não está sendo suficiente para nós!

Uau, certo?

Sim, a natureza é incrível – e nós viemos aqui hoje contar mais sobre essa maravilhosidade toda para vocês. Vamos mergulhar mais fundo na magia do sistema endocanabinoide e de outras plantas além da cannabis que podem interagir positivamente com ele?

Vem com a gente!

Fotografia macro colorida de Trufas negras
Trufas negras fonte: googleimages

Retomando o sistema endocanabinoide

Entre as décadas de 1930 e 1960, vários compostos químicos de dentro da planta da cannabis foram identificados, incluindo delta-9 tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol (CBD), cannabigerol (CBG), cannabicromene (CBC), cannabidivarina (CBDV), e tetrahidrocanabivarina (THCV).

Já entre 1988 e 1992, outro avanço veio: foram reconhecidos receptores de canabinoides em mamíferos, conhecidos como CB1 e CB2. Os canabinoides ativam esses receptores que induzem uma resposta corporal. Uma vez que os receptores canabinoides foram descobertos, tornou-se importante estabelecer se os tecidos de mamíferos também produzem substâncias para ativar os receptores ou se esses receptores são direcionados apenas por canabinoides sintéticos e derivados de plantas.

Em 1992, o primeiro canabinoide produzido em mamíferos, araquidonoiletanolamida, foi descoberto e batizado de anandamida – de “ananda”, a palavra sânscrita para felicidade ou alegria. A anandamida é sintetizada em áreas do cérebro usadas para memória, motivação, processos de pensamento superior e controle de movimento. Ele também desempenha um papel importante na redução da dor, apetite, fertilidade e redução das células cancerosas.

Os receptores de proteínas canabinoides, CB1 e CB2, juntamente com os canabinoides produzidos em mamíferos, formam o que hoje é conhecido como sistema endocanabinoide (ECS)
Uau! E aí, meninas?

E aí que essas descobertas levaram à classificação dos tipos de canabinoides que se engajam com o ECS e a uma maior compreensão dos tipos de respostas induzidas pela ativação dos receptores CB1 e CB2!

Existem mais de 100 canabinoides diferentes.

  • Os canabinoides exógenos são produzidos fora do corpo dos mamíferos por plantas ou sinteticamente projetados por químicos. Canabinoides exógenos incluem fitocanabinoides, que são derivados de plantas e incluem os compostos popularmente conhecidos THC e CBD.

  • Os canabinoides endógenos, também conhecidos como endocanabinoides, são produzidos pelo corpo, autorregulados e incluem a anandamida, 2-AG e outras N-aciletanolaminas (NAEs).

Curiosamente, a cannabis não é a única planta que produz anabinoides curativos. Muitos superalimentos (e flores) contêm compostos de cura que nutrem nosso sistema endocanabinoide.

Existem também algumas plantas comuns que abordaremos hoje que contêm compostos que imitam a atividade biológica do canabinoide clássico, mas têm uma estrutura ligeiramente diferente. Estes são chamados de compostos canabimiméticos.

Foto colorida do fruto do cacau, suas sementes e chocolate
Cacau Fonte: Pinterest

Essas plantas substituem a cannabis?

Não necessariamente. Um estudo recente publicado na revista internacional “Plants” listou algumas plantas que produzem substância canabimiméticas. No artigo, foram analisadas 12 plantas que produzem cerca de 50 moléculas relacionadas aos canabinoides.

Elas podem não deixar você naquela chapadeira, mas elas ajudam a regular todas as funções do nosso sistema endocanabinoide, podendo ser tratamentos alternativos para qualquer disfunção presente nele.

Vamos a elas?

Plantas com compostos canabimiméticos

Muitas plantas produzem compostos que imitam a ação dos fitocanabinoides, mesmo com estruturas diferentes deles. Um exemplo disso é a variante química do THC – o THCV, que, ao invés de ativar os receptores CB1, os suprime. Existem vários outros tipos de canabimiméticos cujas atividades ainda não são completamente compreendidas.

Algumas dessas plantas são:

Lúpulo

Lúpulo e cannabis são primos de primeiro grau. E, assim como a cannabis, o lúpulo, um dos principais ingredientes de certos tipos de cerveja, também contém CBD. Os produtos canabinoides derivados do lúpulo podem ser tão curativos quanto a cannabis, mas não apresentam o efeito da chapadeira.

Equinácea

A equinácea, como a cannabis, é uma erva muito curativa, conhecida especialmente por aumentar a imunidade, além de fornecer alívio para a ansiedade, enxaquecas e artrite. Ela contém canabimiméticos (agonistas do receptor de canabinoides) que têm como alvo o sistema endocanabinoide do corpo, incluindo os receptores CB1 e CB2 (que os canabinoides regulares também têm como alvo).

Hepática

A Marchantiophyta, também conhecida pelo nome comum hepática, contém uma grande quantidade de ácido perrotetinênico, um canabinoide que é muito semelhante ao THC. O ácido perrotetinênico se liga aos receptores CB1 do corpo no sistema endocanabinoide e é conhecido por tratar bronquite, bem como problemas de fígado ou bexiga.

Família Fabaceae

Fabaceae é uma família monofilética de plantas com flor que inclui as espécies vulgarmente conhecidas por leguminosas. A família inclui feijões, ervilhas e outros legumes bem conhecidos da nossa rotina. Eles produzem uma substância análoga ao CBD, cujas atividades ainda não são totalmente compreendidas.

Helichrysum umbraculigerum

Da família dos girassóis e das margaridas, essa florzinha linda tem o poder de produzir o CBG, um dos únicos canabinoides clássicos encontrado em sua forma comum em outras plantas. Os efeitos farmacológicos do CBG descritos na literatura científica incluem: atividade antifúngica, inseticida e anti inflamatória; atividade neuroprotetora; estimulação do apetite e combate de células cancerígenas.

Rododendro

O rododendro produz flores lindíssimas – e é rico em ácido canabicromeno, um canabinoide menor reconhecido por propriedades fungicidas, antivirais e bactericidas. Esse ácido também é comum em alguns fungos, e é conhecido por combater organismos que competem com eles.

Trufas negras

Embora não seja uma planta, achamos interessante citá-las! Pesquisadores italianos descobriram recentemente que as trufas negras criam a mesma anandamida, “molécula de êxtase”, que a cannabis e o cacau. Como mencionado anteriormente, a anandamida é um endocanabinoide produzido naturalmente pelo corpo que regula o humor e a percepção da dor por meio da ligação ao CB1 (receptor de canabinoide 1).

Foto colorida de uma Equinácea ao lado de um bowl de água
Equinácea. Fonte: Jardineiro

Plantas catalisadoras do sistema endocanabinoide

Os receptores endocanabinoides são uma das partes mais importantes do nosso ECS, mas não são os únicos! Enzimas e espécies de moléculas de transporte também possuem um papel fundamental de regular a concentração de endocanabinoides, e existe uma grande variedade de plantas que sintetizam esses compostos:

Aloe vera

A famosíssima babosa é perfeita para tudo: do skincare até a máscara de cabelo que todo mundo já fez uma vez na vida. Ela produz um composto chamado kaempferol, que bloqueia e inibe a quebra da anandamida – nosso endocanabinoide favorito, que causa o sentimento de felicidade.

Cacau

Cannabis e cacau são considerados superalimentos – daí porque tantas marcas do mercado legal os combinam para o alívio terapêutico perfeito final. O cacau atua no sistema endocanabinoide desativando a FAAH, uma enzima que decompõe a anandamida. Quando a anandamida não é quebrada, isso significa que o corpo retém um nível mais alto dela, o que faz as pessoas se sentirem relaxadas ou eufóricas.

Soja, alfafa e amendoim

Tanto a soja quanto a alfafa e o amendoim sintetizam um composto chamado biochanina A, que, assim como os descritos acima, também bloqueiam a quebra da anandamida!

Cactos

Os cactos produzem uma substância chamada euphol, que bloqueia a quebra do endocanabinoide 2-AG. Por conta disso, ela apresenta efeitos analgésicos incríveis.

Ficus e eucalipto

Algumas espécies de plantas dos gêneros Ficus e Eucalyptus produzem os terpenoides alpha-amyrin e beta-amyrin, que também previnem a quebra do endocanabinoide 2-AG. Além disso, eles apresentaram efeitos positivos em estudos sobre pancreatite.

Pimenta preta

A pimenta preta é abundante no terpeno beta-cariofileno, que se liga aos receptores canabinoides no corpo e oferece efeitos terapêuticos como a redução da inflamação. Aliás, a pimenta preta também é conhecida por ser um antídoto se você estiver experimentando um alto teor de THC e querendo “voltar para a terra”.

Além de tudo isso…

  • A cianidina e as antocianinas, presentes na maior parte das frutas azuis, roxas e vermelhas, podem se ligar a ambos os receptores endocanabinoides – CB1 e CB2.

  • A auroglaucina, presente em fungos como Eurotium repens e Aspergillus niveoglaucus, também se liga a esses receptores – e também aos receptores de opioides.

  • Embora não seja uma planta, estudos mostram que existem canabinoides naturais presentes no leite materno que são cruciais para o desenvolvimento infantil. Os canabinoides encontrados no leite materno protegem contra vírus, bactérias e até câncer. Um endocanabinoide muito importante, passado da mãe para o bebê, um tipo de lipídio neuromodulador que estimula a sucção e basicamente ensina o recém-nascido a se alimentar! Sem esses canabinoides no leite materno, os recém-nascidos não saberiam como comer, mas o mais importante, eles não teriam realmente desejo de comer. Semelhante à forma como a cannabis desencadeia a larica, os canabinoides do leite materno provocam a fome em bebês, o que promove o crescimento e o desenvolvimento.

O corpo humano e a natureza da qual fazemos parte são uma verdadeira viagem, né? Mas nós achamos tudo isso incrivelmente interessante e viemos aqui, como sempre, compartilhar com vocês, nossos amados leitores e leitoras.

E vocês, já sabiam disso? Já utilizam ou utilizaram alguma dessas plantas de forma medicinal? Contem aqui para a gente e não se esqueçam de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 para novidades quentinhas.

Até a próxima!

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