Nojinho do próprio sangue? Aqui não, bebê! Saiba como a prática de usar sangue menstrual como fertilizante surgiu e quais podem ser seus benefícios para fortalecer suas plantinhas de uma forma natural.
Dentre os milhares de tabus que envolvem o corpo feminino, a menstruação é um dos maiores. Afinal, aprendemos desde sempre, com a sociedade, que falar sobre nosso período era errado, que o sangue era nojento e que nosso ciclo era um momento de se resguardar (mais para o bem dos outros do que nosso).
Mas convenhamos: não existe nada mais natural do que isso! Nossos corpos são templos construídos especialmente para gerar, portar e dar a vida, e se apropriar desse fato como o verdadeiro milagre que é nos liberta de muitos desses preconceitos.
São inúmeras as práticas que podem nos ajudar a ressignificar esse momento, que mexe com nosso físico e nosso mental e pode ser bem desgastante para muitas. Nós, jardineiras e jardineires, podemos usar o nosso sangue para tornar nossas plantas mais fortes, ajudando em seu crescimento e desenvolvimento saudável, através de uma ação comumente chamada de plantar a Lua. Você já ouviu falar?
Nesse post, feito especialmente para as growers místicas, vamos contar um pouco mais sobre essa prática milenar, que pouco a pouco vem sendo resgatada – conforme nos libertamos mais e mais de tantas imposições do patriarcado. Vem entender o que é, onde surgiu e como fazer o plantio da sua Lua!

O que é plantar a Lua e como surgiu?
Para entender o ato de plantar a Lua, precisamos lembrar que, até pouquíssimo tempo atrás, não existiam tantos tipos de produtos de higiene para conter o sangue menstrual. Por isso, as pessoas sangravam livremente – e esse sangue atingia a mesma terra onde plantavam suas ervas e alimentos. Isso era visto como uma devolução: toda a nutrição e a vida que retiramos da terra, volta a ela em algum momento. É a finalização de um ciclo perfeito, de conexão entre o corpo que nutre e gera vidas e a natureza.
Em civilizações mais antigas e mais matriarcais, era comum a utilização desse sangue para rituais, oferendas e até mesmo homenagens às Deusas, à Lua e ao Sagrado Feminino. Mas, com o tempo e com as imposições do patriarcado, passamos a ter vergonha e até mesmo nojo desse ciclo tão importante para nós.
Felizmente, hoje passamos por um grande trabalho de resgate dessas sabedorias ancestrais e seus grandes ensinamentos. E é aí que entra o “plantio da Lua”, que nada mais é do que devolver o seu sangue menstrual para a terra – seja em vasinhos de planta, em um jardim, em uma hortinha ou onde mais o coração mandar.
A gente é adepta dessa prática – a Alice, por exemplo, sempre rega o manjericão com a Lua para deixar a plantinha mais forte. Mas o movimento é coletivo, e existem muitas outras que também estudam e advogam por essa causa que vai bem além do ato de colocar o sangue num vasinho. A terapeuta corporal e escritora Morena Cardoso é uma delas: fundadora do projeto DanzaMedicina, criou o Dia Mundial do Plante Sua Lua, que aconteceu no dia 02 de agosto deste ano.
Segundo ela, a prática existia entre indígenas da América do Norte e em países como México e Peru. Em rituais, o sangue menstrual era misturado à terra para deixá-la mais fértil, além de simbolizar a comunhão espiritual entre as mulheres e ainda fazer parte de ritos de passagem na menarca das meninas.

O que plantar a Lua faz pelas plantas?
Aqui no site, já falamos um pouco sobre os nutrientes que a cannabis – e todas as outras plantinhas – precisa, em maior ou menor quantidade, para se desenvolver bem e feliz. Os principais são nitrogênio, fósforo e potássio (o famoso trio NPK que as jardineiras mais experientes já devem conhecer). Para lembrar bem rapidinho:
Nitrogênio: absorvido na forma de amônia ou nitrato pelas raízes, é utilizado para fabricação das proteínas (na forma de enzimas) e ácidos nucléicos. É a segunda substância mais importante para as plantinhas, logo após a água, e afeta diretamente o desenvolvimento dos tecidos das plantas e sua reprodução. Por ser parte da clorofila, tem influência direta na realização da fotossíntese.
Fósforo: é associado com a transformação da energia na planta e a regulação da síntese das proteínas. Quando adicionado ao solo, promove o crescimento das raízes e dá resistência ao frio. Por isso, assim como o nitrogênio, sua sintetização também é importante.
Potássio: é um ativador de enzimas, que faz com que a planta tenha um melhor controle sobre suas funções vitais – como respiração, perda de água e resistência a pragas. Com isso, deixa as raízes mais fortes e aumenta a resistência à aridez.
E o sangue menstrual contém tudo isso, além de ser um material orgânico e sustentável. Por isso que ele pode ser uma substância tão rica – mas é preciso saber usá-lo!
Passo a passo – como plantar a sua Lua
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Passo 1: para plantar a sua Lua, você vai precisar coletar o sangue menstrual de alguma forma. Duas maneiras bem práticas são o coletor menstrual ou absorventes de pano, que também são mais sustentáveis (fica aí a dica, meninas).
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Passo 2: em um recipiente de vidro ou barro, misture com cerca de ⅔ de água para ⅓ de sangue. Mantenha esse recipiente tampado com um pano, em ambiente arejado, até fazer o plantio.
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Passo 3: na hora escolhida, regue as suas plantinhas com a mistura feita. Lembre-se de não demorar muito para fazer isso, já que o sangue é orgânico e começa a se decompor assim que entra em contato com o ar.
Essa é a parte básica, mas sabemos que muitas de vocês gostam desse rolê mais místico que envolve o plantio da Lua. A gente acredita que não existe um único ritual correto, mas sim uma mistura de práticas que pode te deixar mais confortável na hora de fazer isso e criar uma conexão mais profunda com a terra e com você mesma. Você pode:
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Criar um altar com velas, seus incensos favoritos e cristais;
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Agradecer à terra, entoar cantos ou palavras de poder;
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Ficar com os pés na terra, para se conectar ainda mais à energia do elemento.

Ritual e libertação
Além de promover essa conexão bem genuína com a maravilhosa Mãe Natureza, essa também é uma forma de encontrar nossas raízes. Todas nós sofremos com as consequências de a menstruação ter virado algo nojento na nossa sociedade. A indústria da beleza fez a gente se distanciar desse processo, desses ciclos que nosso corpo passa e outras questões tão naturais.
Em qualquer farmácia ou mesmo mercado, a gente pode observar a quantidade de produtos só voltados para inibir algumas coisas que são naturais para nós, como perfumes vaginais, lenços umedecidos, sabonetes específicos… tudo bem distante daquilo que necessariamente precisamos, e que não são exatamente saudáveis. Por isso, acreditamos que se reconectar com o nosso sangue e nossos ciclos internos é quase um tapa na cara do patriarcado. Entender que é do útero que sai o mundo, e que ele é um poder – e não uma vergonha.
E o recado não é só para quem tem útero, mas também para parceiros de outro sexo. É muito importante que possamos redescobrir todas essas questões juntos, de uma forma mais aberta e respeitosa, para podermos nos sentir não apenas confortáveis com tudo o que nos acontece, mas também empoderadas por isso.
O sangue menstrual não é motivo pra vergonha do nosso próprio corpo.
E essa barreira nem sempre é simples de se quebrar, mas um processo de desconstrução contínuo – e incrível.
E aí, galera, gostaram da temática de hoje? A gente adora poder falar sobre isso com vocês e saber que esse conhecimento vai passar adiante. E já sabe: qualquer dúvida ou comentário, pode falar com a gente por aqui ou pelo Instagram @girlsingreen710.
Até o próximo encontro!
Suas matérias e luta me inspiram muito! Gratidão! 💚
xocada q tem NPK no meu sangue! obrigada!
Parabéns pelo blog! Ativismo 1000grallll!
O conhecimento será replicado, pode ter certeza…
Muita PAZ!
Minhas plantinhas começaram a crescer DEMAIS depois q plantei a lua. ♡
Sera que o ciclo 21 interfere em alguma coisa?
Suas matérias e luta me inspiram muito! Gratidão! 💚
xocada q tem NPK no meu sangue! obrigada!
Parabéns pelo blog! Ativismo 1000grallll!
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Sera que o ciclo 21 interfere em alguma coisa?
Acabei de ler seu artigo e achei o blog muito interessante, tem muita informação que eu estava procurando. atualizado