Redução de Danos

O QUE É BURNOUT? PRECISAMOS FALAR SOBRE O ESGOTAMENTO PROFISSIONAL

Desequilíbrios da vida moderna tornaram a Síndrome de Burnout comum entre profissionais. Saiba como ela pode se relacionar ao uso de substâncias como a maconha.
 

Para muitos, o trabalho é sinônimo de prosperidade, independência e realização. Para outros, ele tem se tornado fonte de ansiedade. Nossa vida é feita de diferentes fases, e mesmo quem está na profissão dos sonhos pode desenvolver a Síndrome de Burnout — que, no início desse ano, foi reconhecida como doença ocupacional. Com inúmeros sinais debilitantes, ela também é conhecida como esgotamento profissional e está atrelada a sintomas físicos e mentais.

Existem inúmeras causas que podem levar alguém ao estresse crônico devido ao trabalho, que é apontado como principal causa do Burnout. O crescente custo de vida, a precarização do trabalho e a cobrança por responsividade 24/7 acarretada pelas redes sociais tornaram a síndrome ainda mais comum. Em 2018, a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) apontou que 30% dos trabalhadores brasileiros já sofriam com ela. Com a pandemia, o número aumentou para 44%.

E, assim como outras doenças, síndromes e transtornos de cunho mental, o Burnout também pode ter relações complexas com o uso de substâncias — incluindo a maconha. Enquanto para alguns ela possa oferecer um pouco de conforto e ajuda, é necessário prestar muita atenção para que ela não agrave uma situação de esgotamento e traga outros problemas. 

No lado positivo, já existe um estudo brasileiro, desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) que aponta que o canabidiol (CBD) pode auxiliar a reduzir os sintomas do Burnout! Demais, né?

Hoje, vamos falar um pouquinho mais sobre o que é o Burnout e suas relações dicotômicas com a maconha e outras drogas. Vem com a gente!

 

O que é Burnout?

O termo Burnout foi usado pela primeira vez pelo psicólogo Herbert Freudenberger na década de 1970 para descrever uma condição de estresse grave que leva à exaustão física, mental e emocional severa. Muito pior do que o cansaço comum, o esgotamento torna difícil para as pessoas lidar com o estresse e com as responsabilidades do dia a dia.

Segundo a Mayo Clinic, o esgotamento profissional é um tipo especial de estresse relacionado ao trabalho — um estado de exaustão física ou emocional que também envolve uma sensação de realização reduzida e perda de identidade pessoal. As pessoas que sofrem de Burnout muitas vezes sentem que não têm mais nada para oferecer e podem ter medo de sair da cama ou da própria casa. 

Alguns médicos e pesquisadores pensam que outras condições, como a depressão, estão por trás do esgotamento. Eles ainda apontam que fatores individuais, como traços de personalidade e vida familiar, influenciam quem vivencia a síndrome.

Se não for devidamente tratada, ela pode levar a problemas que incluem:

  • Estresse excessivo;
  • Cansaço físico e mental irremediável;
  • Insônia;
  • Tristeza, raiva ou irritabilidade;
  • Uso indevido de álcool ou substâncias;
  • Doença cardíaca;
  • Pressão alta;
  • Diabetes tipo 2;
  • Vulnerabilidade a doenças.

 

E o que pode causar o Burnout?

burnout
O Burnout pode ser causado por uma junção de fatores. Imagem: Girls in Green.

O desgaste no trabalho que acaba levando ao Burnout pode resultar de vários fatores, incluindo:

Sensação de falta de controle

Não estar no controle de decisões que afetam o trabalho, como a organização da própria agenda, atribuições indevidas ou aumento de carga de trabalho, pode levar ao esgotamento. Não ter recursos necessários para fazer seu trabalho direito também!

Expectativas de trabalho pouco claras

Se você não tem certeza do próprio cargo, grau de responsabilidade ou autoridade que esperam de você, provavelmente não se sentirá confortável no trabalho e sentirá mais estresse.

Dinâmicas disfuncionais no local de trabalho

Bullying, microgerenciamento, falta de tato nos feedbacks negativos, muito trabalho para pouca compensação (emocional e financeira)… muitos fatores podem contribuir para um local de trabalho se tornar disfuncional e altamente estressante.

Falta de apoio social

Se você se sente isolado no trabalho e em sua vida pessoal, pode estar mais propenso ao Burnout.

Desequilíbrio entre a relação trabalho-vida pessoal

Se o seu trabalho consome tanto do seu tempo e esforço que você não tem energia para passar o tempo com sua família e amigos, você pode se esgotar rapidamente.

 

Além disso…

…alguns outros pontos podem contribuir para o Burnout:

  • Carga de trabalho pesada e longas horas;
  • Trabalho em uma profissão que requer mais de você e do seu emocional, como assistência médica;
  • Hiperconectividade e cobrança por respostas rápidas, fora do horário de trabalho;
  • Falta de reconhecimento profissional e busca exacerbada por agradar superiores e clientes.

 

Quais os principais sintomas do Burnout?

Ao contrário de um resfriado ou gripe, o esgotamento não atinge tudo de uma vez. Os psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North descreveram as 12 fases do Burnout e seus principais sinais:

Excesso de ambição. Comum em novos empregos ou trabalhos que gostamos de fazer, muita ambição pode levar ao esgotamento.

Esforço para trabalhar mais e mais, negligenciando suas próprias necessidades. Você começa a sacrificar o sono, os exercícios e até a alimentação.

Deslocamento do conflito. Em vez de reconhecer que você está se esforçando e sacrificando demais, você culpa os outros por seus problemas.

Falta de tempo para necessidades não relacionadas ao trabalho. O trabalho torna-se o único foco em detrimento da família, amigos e hobbies, que agora parecem irrelevantes.

Negação. A impaciência com aqueles ao seu redor aumenta.

Isolamento. Você começa a se afastar da família e dos amigos. Convites sociais para festas, filmes e jantares começam a parecer pesados ​​em vez de agradáveis.

Mudanças comportamentais. Aqueles que estão no caminho do esgotamento podem se tornar mais agressivos e irritáveis.

Despersonalização. Você passa a se sentir desapegado de sua vida e sem capacidade de controle.

Vazio interior ou ansiedade. Você pode recorrer a comportamentos de compensação, como uso de substâncias, jogos de azar ou comer demais.

Depressão. A vida perde o sentido e a esperança some.

Colapso mental e/ou físico e outros sintomas. Cansaço extremo, desilusão, falta de concentração, problemas para dormir, dores de cabeça e problemas gastrointestinais.

 

Existem tratamentos para o Burnout?

Se você acredita que está em crise, existem algumas atitudes que você pode tomar para melhorar as coisas e tratar o Burnout. 

A primeira delas é procurar ajuda profissional

O Burnout pode acarretar problemas como ansiedade e depressão, e não é uma boa ideia achar que podemos lidar com isso sozinhos. Procure um profissional e converse sobre as suas opções.

Tente resolver as coisas no seu trabalho

A gente sabe que, atualmente, esse papo de negociar com chefe é balela. Mas, às vezes, falar sobre preocupações específicas com seu supervisor pode ajudar a alinhar expectativas ou encontrar soluções. 

Busque apoio

Se você entrar em contato com colegas de trabalho, amigos ou entes queridos, o apoio e a colaboração podem ajudá-lo a lidar.

Volte-se ao cuidado

Ultimamente, o autocuidado é muito falado por aí, e envolve atitudes muito básicas, como dormir cerca de oito horas por noite, ter uma boa alimentação e uma rotina de exercícios físicos. Lembre-se de que você é o centro da sua vida e, mesmo que você goste de se dedicar ao trabalho, é necessário encontrar um limite e impor barreiras que preservem sua saúde física e mental.

 

Burnout, uso de maconha e outras drogas

Cápsulas de óleo de CBD. Imagem: Girls in Green.

Como falamos anteriormente, muitos dos que experienciam a Síndrome de Burnout acabam recorrendo ao uso de substância para aliviar a pressão. Como adeptas da Redução de Danos, entendemos que nem todo uso de drogas vai ser necessariamente negativo. Mas precisamos sempre prestar muita atenção ao impacto que esse uso tem em nossas vidas.

“Mas e o Burnout e a maconha, como se relacionam?”

Um estudo brasileiro que citamos no início do texto mostra que o canabidiol (CBD) pode ajudar a melhorar sintomas do Burnout. Os pesquisadores acompanharam 120 profissionais do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP) que trabalhavam nas alas de atendimento a pacientes com covid-19 entre junho e novembro de 2020. 

Os resultados apontaram uma redução de 60% dos sintomas de ansiedade, 50% da depressão e 25% de Burnout entre os voluntários que fizeram o tratamento padrão com canabidiol.

Entretanto, embora possa ser usada como uma ferramenta terapêutica, a maconha não substitui a terapia. Sem acompanhamento, ela também pode se tornar apenas uma muleta e mascarar sintomas que precisam ser resolvidos com seriedade através de ajuda profissional. 

 

Esperamos que essas informações possam ajudar você a lidar com qualquer situação que você esteja passando no momento! Dentro do Girls in Green, temos várias mulheres com experiências pessoais dolorosas relacionadas ao Burnout, e sabemos o quanto pode ser complicado se livrar dele. 

Então, siga nosso conselho e busque ajuda o quanto antes

E conte pra gente: como você encontra o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal? A maconha ajuda ou atrapalha? Deixe aqui seu comentário e não esqueça de seguir a gente lá no Instagram @girlsingreen710.

Até a próxima!

 

Editado em: 24 de agosto de 2023.

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Gabriel R.
Gabriel R.
11 meses atrás

estou passando por isso atualmente, tento negociar algum alívio pra mim e ele caga pro que eu falo, logo logo vou tacar fogo naquela empresa

Nathan
Nathan
11 meses atrás

A maconha tem me ajudado muito com a redução de danos.

Last edited 11 meses atrás by Nathan