Embora a microdosagem de psicodélicos ganhe todos os louros, é possível fazer microdose de maconha — e contar com vários benefícios! Aqui, a gente explica tudo isso.
A microdosagem, que é o ato de usar quantidades bem baixinhas e imperceptíveis de substâncias, tem ficado mais famosa a cada dia que passa. E, embora ela normalmente seja associada aos cogumelos mágicos ou ao LSD, tudo indica que a microdose de maconha também pode ser bastante positiva — principalmente para quem deseja aproveitar os efeitos da planta sem a chapadeira.
Na verdade, alguns estudos apontam que o limite para receber os benefícios terapêuticos do THC é muito menor do que se pensava antes. Isso torna mais do que possível usar a maconha de forma terapêutica e/ou medicinal sem que seus efeitos psicoativos se tornem um problema no dia a dia.
Embora as pesquisas sobre o assunto estejam apenas começando, seus resultados já são positivos. Por exemplo: em um estudo de 2012, pacientes com câncer avançado receberam doses altas, médias e baixas de canabinoides. O grupo que recebeu a menor dose relatou maior redução da dor. Em outro, um grupo de indivíduos recebeu baixas doses de um canabinoide para tratar os sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático. A maioria dos participantes viu uma queda significativa na insônia, pesadelos, sintomas gerais e até dor crônica.
Como somos entusiastas dessa plantinha tão especial e entendemos que dosagem é uma coisa muito pessoal, viemos falar sobre o que a microdose de cannabis pode fazer por você! Para isso, nos inspiramos muito num artigo completíssimo da Third Wave, que você pode conferir aqui (em inglês).
Vem com a gente!
Entendendo os efeitos da maconha
A maconha contém mais de 100 canabinoides já identificados, como o THC (delta-9-tetrahidrocanabinol), CBD (canabidiol), CBC (canabicromeno), CBN (canabinol), CBG (canabigerol) e THCV/THV (tetrahidrocanabivarin). Muitos deles não causam chapadeira e podem ter benefícios terapêuticos. Além disso, temos terpenos, terpenoides e flavonoides que também influenciam seu efeito como um todo.
O principal canabinoide psicoativo da maconha é o THC, um composto solúvel em lipídios que, ao contrário de outros psicodélicos, não é nitrogenado. Geralmente está presente na planta em forma ácida, e descarboxila quando aquecido para produzir o THC que causa os efeitos que já conhecemos.
Já o CBD é um isômero estrutural do THC — isso significa que ele possui os mesmos átomos, mas em uma configuração diferente. Ele é muito estudado devido a suas propriedades terapêuticas, que vão desde o alívio da ansiedade até a ação anticonvulsivante.
Os terpenos são molecularmente semelhantes aos canabinoides, e são os principais responsáveis pelo sabor e aroma das variedades de maconha. Mas não é só isso: muitos deles também contam com efeitos bastante especiais, e participam do Efeito Comitiva (ou Entourage). Você pode ler mais sobre ele por aqui!
Benefícios potenciais da microdose de maconha
A microdosagem de maconha pode oferecer um leque bem grande de benefícios. Até porque, como a gente já sabe, a planta é uma ferramenta bastante versátil para lidar com as mais diversas condições — como ansiedade, dor crônica, estresse, TDAH, inflamação e indigestão, sintomas relacionados ao câncer, HIV e AIDS, entre outros.
Além disso, melhorias emocionais e relacionadas ao humor são frequentemente relatadas pela galera que está apostando na microdosagem de cannabis.
Mas não é apenas o seu humor que a microdosagem de maconha pode melhorar: um estudo recente em camundongos descobriu que doses baixas e frequentes de THC podem reverter a perda de memória relacionada ao envelhecimento em camundongos mais velhos. Em outras palavras, as microdoses de maconha ajudaram a lutar contra os efeitos da idade no tecido cerebral desses bichinhos, e a expectativa é que o efeito se traduza em humanos também.
Como fazer uma microdose de maconha?
Normalmente, uma microdose não vai causar uma mudança tão perceptível no humor, disposição ou mentalidade. Em vez disso, seu efeito é sutil, mas presente – como um aumento no foco, diminuição da ansiedade ou redução nos níveis de dores.
Os efeitos subjetivos da cannabis também tendem a depender da dose e da cepa, em particular da proporção de THC para CBD. Isso porque o CBD pode aliviar alguns dos efeitos mais negativos do THC, que incluem ansiedade, paranoia, comprometimento da memória e perda do controle psicomotor! Isso faz parte do Efeito Comitiva do qual falamos ali em cima.
Dito isto, a microdosagem é um processo bastante simples, uma vez que você encontra sua dose ideal:
- O Marijuana Policy Project designou 10 mg de THC como uma dose padrão, então qualquer coisa abaixo disso pode ser considerada uma dose baixa.
- Os produtos de baixa dosagem normalmente ficam na faixa de 1 mg a 5 mg de THC.
- Então, a recomendação é usar 2,5 mg como ponto de partida ideal para microdosagem, e ir experimentando para ver o que é melhor para você.
Os níveis de potência variam muito entre produtos e marcas, e o nível de tolerância pessoal de cada um é único. Como regra geral, é melhor ir devagar. Depois de tomar uma microdose, espere cerca de 2 horas para ver os efeitos completos antes de tomar mais.
Como consumir minha microdose de cannabis?
A forma como escolhe usar a sua microdose também vai impactar sua experiência. Três das principais opções são:
Combustão
Embora o beck provavelmente seja uma das maneiras mais fáceis de começar, a combustão é, na verdade, o método de uso mais caro e menos limpo que fornece o menor controle de dosagem. Uma tragada pode facilmente levar alguém além da microdose, e também fica difícil saber exatamente o quanto você usou para atingir essa marca novamente na próxima vez.
Um estudo também descobriu que 90% da maconha queimada não continha canabinoides ou terpenos, o que significa que você pode perder benefícios valiosos ao fumar.
No entanto, se a combustão for o método escolhido, existem algumas maneiras de obter uma estimativa aproximada da potência com a qual você está lidando. Os níveis de THC ficam entre 3% e 30%, mas a média é de cerca de 10%. Portanto, para estimar a força de THC do material vegetal com base em 1g, divida a porcentagem de THC em 1000 para obter a quantidade por mg.

Vaporização
Vaporizar a sua maconha é uma boa opção por vários motivos. O método permite evitar os carcinógenos nocivos associados ao fumo, e também facilita uma dosagem mais exata e precisa.
Você pode vaporizar flores secas ou concentrados. Este último é mais fácil de medir adequadamente, pois os concentrados de óleo são pré-dosados, enquanto o teor de THC da flor pode variar. E lembre-se: a temperatura também vai influenciar sua experiência. Sempre recomendamos as mais baixas, para reduzir a perda de terpenos e canabinoides.
A gente conta mais sobre a vaporização aqui.
Ingestão
A ingestão de maconha por via oral é a maneira mais fácil e precisa de microdose quando pensamos em um mercado legal, já que as dosagens são claramente medidas e marcadas na embalagem. Caso você esteja fazendo em casa, é preciso ser cuidadosa com isso!
No entanto, a ingestão também requer paciência. Os efeitos podem levar de uma a duas horas para aparecer, tornando o ajuste gradual de uma dose muito mais complicado.
Mais uma vez, ir devagar é a chave para a prática geral de microdosagem. Portanto, tendo em mente a natureza subperceptiva da microdosagem, preste atenção aos efeitos mais sutis de seu uso, independentemente do método escolhido, e ajuste cuidadosamente as doses para chegar na microdose ideal.
Riscos de microdosar a maconha
Em comparação com a maioria das drogas e produtos farmacêuticos (incluindo a aspirina, que mata vários milhares de pessoas todos os anos nos EUA), a maconha é extremamente segura.
No entanto, existem riscos associados ao consumo de maconha:
- Como a combustão libera monóxido de carbono e outras substâncias químicas nocivas, fumar maconha em baseados pode levar a problemas respiratórios e câncer de pulmão.
- Embora a vaporização elimine muitos dos riscos de longo prazo associados ao fumo, ela ainda libera amônia, o que pode resultar em asma, espasmos brônquicos e efeitos no sistema nervoso central.
- Outra preocupação, principalmente para pessoas com doenças cardiovasculares, é o efeito da cannabis na frequência cardíaca e na pressão arterial.
- Embora a função cognitiva e o desenvolvimento provavelmente sejam prejudicados pelo uso crônico, os efeitos residuais negativos geralmente desaparecem com umas férias da maconha. Uma exceção notável é o uso crônico que começa na adolescência. Ou seja: melhor esperar!
- Embora exista uma correlação definida entre o uso crônico de maconha e a psicose, a relação pode não ser causal.
- Para mulheres grávidas e lactantes, o conselho geral é evitar a maconha enquanto não há estudos conclusivos sobre sua influência para o bebê.
- Um problema final que afeta os usuários de cannabis de longo prazo em particular é a síndrome de hiperêmese canabinóide, uma condição rara caracterizada por náuseas incontroláveis, vômitos e cólicas abdominais. Essa síndrome geralmente desaparece com a interrupção do uso de maconha.
- Dirigir na chapadeira, especialmente de comestíveis e extrações, não é recomendado.
E aí, gostou de saber sobre a microdosagem de maconha? Vai testar? Não esqueça de contar para a gente como foi aqui nos comentários ou lá no Instagram @girlsingreen710.
Até a próxima!
Eu costumo misturar um pouquinho de maconha no kumbayá que geralmente eu mesma faço, assim eu relaxo mas não chego a ter a brisa. Isso pode ser considerado uma microdose?
estou literalmente fazendo a mesma “microdosagem” de kumbaya (feita por mim tbm) e vem sendo extremamente positivo, mas carece de conteudo/literatura sobre