GIRLS IN GREEN

Nos últimos anos, a indústria canábica vem se dedicando muito a fazer extrações, isolar o THC e até mesmo produzir novas cepas com percentuais altíssimos da substância. Mas será que isso é realmente bom para você?

Você provavelmente já ouviu falar do Tetrahidrocanabinol, o famoso THC. A substância é responsável pelos efeitos psicoativos da maconha, e é o primeiro canabinoide que vem à mente quando se pensa no uso adulto da erva. Com o crescimento e desenvolvimento do mercado da cannabis, novas tecnologias estão sendo utilizadas para isolar o ativo e até desenvolver cepas com altas concentrações do mesmo. Mas isso é necessariamente algo bom para o consumidor final?

Quando falamos nesse assunto, precisamos ir com calma e analisar diversos aspectos. Por exemplo: quanto mais THC existe em uma amostra, menos quantidade dela é necessária para chapar — ou seja, para atingir os efeitos desejados. Entretanto, o uso sem os devidos cuidados pode ser problemático por diferentes motivos!

Aqui, vamos explicar um pouco melhor para você porque afirmar que “quanto mais THC, melhor” é um mito e quais as precauções que você deve tomar para reduzir danos ao usar substâncias com altos percentuais desse canabinoide. 

Vem com a gente!

Retomando: o que é e como age o THC?

O Tetrahidrocanabinol, delta-9 THC ou apenas THC é o principal componente psicoativo intoxicante presente na cannabis. 

Ele age no nosso sistema endocanabinoide, e é um agonista parcial tanto dos receptores CB1, encontrados principalmente no sistema nervoso central, quanto dos receptores CB2, localizados principalmente em células imunes. É a ativação dos receptores CB1, presentes em estruturas cerebrais distintas, que causa o efeito psicoativo — ou seja, a sensação de chapadeira propriamente dita. Além disso, o THC estimula a liberação da dopamina no cérebro, um neurotransmissor que causa sentimentos de euforia. 

Mas não é só isso que ele faz não: como você deve saber, a maconha é usada para fins medicinais há milhares de anos, embora a pesquisa científica sobre seu uso para aliviar e tratar doenças ainda seja relativamente recente. E, mesmo ainda sendo muito demonizado por suas propriedades chapantes, o THC (sozinho ou em combinação com outros canabinoides) pode ter um papel fundamental no tratamento de problemas como:

Pequenas doses de THC já oferecem benefícios medicinais, e não é necessário uma bomba da substância para sentir seus efeitos! Assim como qualquer remédio ou medicação, seu segredo está na dosagem — que deve ser bem equilibrada.

Cookies and Cream – Altos níveis de THC e CBG

Quanto THC é muito THC?

Na flor de cannabis, a porcentagem de THC pode variar de menos de 1% a mais de 30%, em alguns casos. Já no caso dos haxixes e concentrados canábicos, esse nível pode aumentar exponencialmente, ficando entre 40 e 80%. 

Uma boa regra geral ao julgar o conteúdo de THC é ter em mente o seguinte:

Baixo: <10%;

Médio: 10% a 20%;

Alto: 20% a 30%;

Muito alto: mais de 30%.

No mercado legal (e mesmo no irregular), produtos com teores altos ou muito altos de THC acabaram virando moda. De acordo com dados da Flowhub, uma plataforma de gerenciamento de varejo de maconha, em 2020, flores com alto teor de THC representaram 33% de todas as vendas de cannabis. Ao todo, os consumidores de flores com teor alto ou  muito alto de THC representaram 45% das vendas de flores nos sistemas da Flowhub em 2020.

Mas mais THC significa chapar mais, certo?

Na verdade, não!

Uma porcentagem mais alta de THC não equivale a uma chapadeira mais forte. E isso é uma dúvida bem comum — afinal, parece lógico que, já que o THC é realmente responsável por fazer você se sentir “alto”, uma quantidade maior possa potencializar esse efeito. 

No entanto, a cannabis não é tão simples assim. Embora você possa desejar produtos com alto teor de THC por esse motivo, pesquisas sugerem que uma porcentagem maior de THC não significa realmente uma diferença no quão chapada ou chapado você vai ficar. Pelo menos é o que dizem pesquisas, como essa, da Universidade do Colorado.

Segundo ela, o que importa mais do que a porcentagem de THC é todo o espectro de compostos encontrados no produto de cannabis — em especial outros canabinoides e terpenos. Outros fitocanabinoides incluem canabidiol (CBD), canabigerol (CBG) e canabinol (CBN), para citar alguns. Os terpenos mais comuns incluem mirceno, beta cariofileno e limoneno. 

Existem cerca de 500 substâncias conhecidas na plantinha, e cada uma delas pode influenciar a experiência geral de consumo associada a um determinado produto de cannabis, no que conhecemos como Efeito Entourage

Então, sentimos muito informar, mas o hype do THC alto não é tão real quanto você poderia imaginar.

Beck na floresta

Mas de onde vem esse hype todo?

De épocas mais simples, a gente diria!

John Casali, produtor na Huckleberry Hill Farms, contou para a Weedmaps que, dos anos 70 até os anos 90, a erva não era testada. Na época, o composto mais conhecido era o THC — que era usado para dizer aos consumidores que uma planta era boa. Ótimos buds teriam, então, altos níveis de THC, segundo quem vendia.

Ou seja: é meio que uma lenda urbana que surgiu por conta da desinformação e falta de educação sobre a erva, mas que reverbera no mercado até hoje.

E isso tem impacto para os produtores também. Como a galera começou a exigir mais THC pensando se tratar de qualidade, o mercado teve que se adaptar a essa demanda. Hoje, a maior parte dos cultivadores busca por flores com alto nível de THC mais por pressão do que por qualquer outro motivo. Afinal, se a substância está presente em quantidades mais baixas, pode ser a melhor erva do mundo — mas pouquíssimas pessoas vão comprar.

O que REALMENTE acontece se você usa maconha com mais THC?

O THC, quando em grandes quantidades, não vai matar você — mas pode ser responsável por desconfortos e alguns efeitos bem negativos, como:

  • Altos níveis de ansiedade;
  • Ataques de pânico;
  • Frequência cardíaca elevada;
  • Dificuldade para falar;
  • Má coordenação;
  • Pressão arterial alta ou baixa demais;
  • Náusea e vômito;
  • Extrema confusão mental e problemas de memória;
  • Paranoia;
  • Alucinações.

Outros sintomas de que você consumiu THC demais incluem a chamada síndrome de hiperêmese canabinoide (CHS) e psicose induzida por maconha (MIP). O primeiro envolve crises de vômitos intensos e dor abdominal – geralmente com duração de menos de 24 horas. Eles podem ser causados principalmente por uso de concentrados ou comestíveis mal dosados. Por isso, entenda seus limites e vá sempre com calma!

De olho na tolerância

Além dos efeitos negativos, o consumo constante de altos níveis de THC vai aumentar a sua tolerância. Isso porque, quanto mais canabinoides você consome, mais você precisa para sentir os mesmos efeitos. Isso faz com que usuários crônicos acabem necessitando de quantidades cada vez maiores de maconha com o passar do tempo. 

Se você está acostumado a dar dabs em concentrados com alto nível de THC, por exemplo, pode ser difícil chapar com um beck humilde.

Aqui, a gente fala mais sobre a tolerância e como é possível driblá-la.

Rosin Badder da marca Papas select . Foto: @kandidkush

E as dicas?

Não ia ser a gente se não tivesse pitaco no final. Para reduzir danos:

Use o que te faz bem. Não entre em qualquer hype. Sim, o mercado sempre vai tentar nos empurrar produtos-desejo e criar essa ideia na nossa cabeça de que “quanto mais, melhor”. Mas isso não funciona para todo mundo! 

Conheça seu corpo, sua mente e os seus limites, e não tenha medo de dizer que algo é demais para você. Se preserve, mô!

Em caso de desconforto ou sobredose, balanceie com CBD. Sim: o canabidiol pode ser uma boa para mitigar os efeitos negativos do THC, como ansiedade e paranoia. 

Respiração 4-7-8. Se der bad, esse exercício também pode ajudar. Usando apenas as narinas, inspire completamente em 4 segundos, segure o ar durante 7 e solte lentamente em 8. Repita esse ciclo como um exercício por 20 rodadas. Para mais dicas nesse sentido, só colar aqui no nosso texto sobre maconha e ansiedade!

Se for consumir concentrados, comece aos poucos. A gente adora haxixe e ele pode sim ser consumido com segurança, mas nem todo mundo aguenta a porrada! Por isso, vá construindo sua tolerância aos poucos, com calma e paciência.

A gente entende que o mercado cria desejos, mas cada um tem que avaliar o que faz sentido ou não em sua vida e contexto de uso. 

Ficou com alguma dúvida? Deixa ela aqui pra gente e não esquece de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 para acompanhar as novidades da página.

Até a próxima!

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Luna
Luna
10 meses atrás

Matéria super necessária!! Obrigada