Saúde

Maconha para idosos: Benefícios e riscos

Falamos muito sobre o uso da maconha por jovens e adultos — mas o que muda para usuários idosos? Vamos revisar os possíveis benefícios e riscos da planta na melhor idade!

Quando você pensa em alguém usando maconha, imagina uma pessoa bem jovem ou uma vovozinha? Se você escolheu a primeira opção, temos uma notícia: os idosos estão procurando cada vez mais a cannabis — e não apenas pela saúde!

É difícil ter dados aqui no Brasil, onde não há exatamente um mercado legal bem consolidado. Entretanto, pesquisas estadunidenses revelam que o número de pessoas com 65 anos ou mais que disseram usar maconha cresceu 250% entre 2006 e 2013. E existem alguns motivos mais expressivos pelo aumento no interesse:

  • Uma pesquisa de 2014 demonstrou que quase metade dos usuários adultos de todas as idades diz que usa maconha como remédio, pelo menos parcialmente.
  • A dor, tanto aguda quanto crônica, é uma das razões mais comuns pela qual as pessoas procuram um tratamento com cannabis, e os idosos estão mais propensos ao sintoma. 
  • Várias outras condições que podem ser tratadas com canabinoides, como glaucoma e doenças neurodegenerativas, estão relacionadas à idade.

Para ajudar você a entender como a planta pode ajudar os idosos, trouxemos aqui uma revisão de possíveis benefícios e riscos — e várias pesquisas para você, que tem interesse no assunto, explorar. Vem com a gente!

Possíveis benefícios da cannabis para idosos

Senhora idosa sentindo o cheiro de uma planta de maconha
Maconha como alternativa para idosos 

Uma pesquisa recente do The American Journal of Geriatric Psychiatry entrevistou 568 pacientes em uma clínica de geriatria em La Jolla, Califórnia. E a principal descoberta é que os idosos que procuram a plantinha por motivos bastante comuns para os mais jovens também, como:

Para o estudo, 43% dos idosos relataram usar cannabis para mais de uma condição — e 70% descobriu que ela é bastante útil para aliviar suas preocupações.

Mas existem várias outras condições, bastante comuns na população sênior, que podem ter alívio através dos canabinoides:

Artrite reumatoide. Devido às suas propriedades anti inflamatórias, a cannabis tem sido estudada no tratamento.

Neuropatia. Uma revisão mostrou que a maconha pode ajudar a controlar a dor e sensibilidade causadas pela neuropatia.

Doenças neurodegenerativas. Muitas pesquisas apontam que a maconha pode ajudar a prevenir e tratar sintomas da neurodegeneração, principalmente em demências, como o Alzheimer, ou o mal de Parkinson. 

Câncer. Alguns canabinoides já demonstraram propriedades antitumorais. Além disso, eles podem ajudar a reduzir desconfortos causados pela quimioterapia.

Depressão. A maconha pode ser uma ferramenta para ajudar nos problemas com a saúde mental, como a depressão — bastante incidente em idosos.

Entretanto, existem duas coisas a se considerar quando falamos nos benefícios da cannabis medicinal. A primeira é que ela pode ser utilizada como forma de melhorar a qualidade de vida na velhice, sem necessariamente significar uma cura para condições mais severas. A segunda é que todo tratamento com a planta deve ser supervisionado por um profissional habilitado.

Maconha pode ajudar mulheres mais velhas

Que a maconha é uma ótima ferramenta para a saúde sexual, a gente já sabe! Mas estudos apontam que ela pode ser especialmente interessante para pessoas com útero que apresentam sintomas relacionados à menopausa. 

Baseado em uma pesquisa, um estudo realizado em 2016 descobriu que a cannabis alivia certos sintomas da menopausa, como:

  • Problemas de sono;
  • Irritabilidade;
  • Depressão;
  • Dores nas articulações. 

Além desses sintomas, algumas mulheres esperavam que a cannabis aliviasse ondas de calor, secura vaginal e problemas de bexiga, embora as evidências desses efeitos não tenham sido comprovadas.

Novos estudos examinaram dados de uma amostra de 232 mulheres que participaram da Midlife Women Veterans Health Survey. Cerca de metade delas, com idade média de 56 anos, relataram sintomas da menopausa. Delas, 27% disseram que atualmente usam cannabis (em qualquer forma) para controlar os desconfortos, como “calorões” e suor noturno. Ou seja: o uso da planta, embora não tenha todas as evidências científicas, demonstra eficácia em certos casos clínicos.

A maconha ainda pode ajudar pessoas que sofrem de dores pélvicas, além de melhorar a saúde sexual como um todo, aumentando a libido e o desejo.

Descobertas sobre o Sistema Endocanabinoide e o luto em idosos

Idosa recostada na cama, fumando maconha, com ajuda de outra senhora que segura o cinzeiro
Idosa fumando maconha

Um estudo bastante recente, do final de 2021, trouxe uma descoberta muito interessante. 

A solidão em idosos enlutados é uma das maiores preocupações de muitos médicos e cientistas. Existem evidências de que o sistema endocanabinoide (ECS) é responsivo ao estresse, e que as concentrações de endocanabinoides circulantes são elevadas por conta do luto. A pesquisa que citamos acima examinou a associação entre esses dois fatores, e explorou o papel dos endocanabinoides na associação entre a solidão inicial e as trajetórias dos sintomas de luto.

Um total de 64 adultos enlutados foram avaliados e examinados. As concentrações circulantes de anandamida, o endocanabinoide relacionado à felicidade e ao bem estar, foram maiores em idosos gravemente solitários em luto — e ele pode ter um papel importante na superação da dor.

Incrível, né? Estamos aguardando ansiosamente as próximas investigações sobre o assunto, mas já ficamos animadas com a perspectiva de que a cannabis pode ser uma ferramenta importante nesses casos.

Existem riscos no uso de maconha na velhice?

De acordo com a Escola de Saúde de Harvard, esse é um território relativamente novo. Com as poucas investigações, é possível entender que a maconha é normalmente bem tolerada entre os mais velhos. Isso não significa, no entanto, que não existam efeitos colaterais e algumas possíveis desvantagens que devam ser levadas em consideração. Por exemplo:

A saúde cardíaca pede atenção. Não existem evidências ligando a maconha a problemas coronarianos, segundo uma revisão publicada no Journal of the American College of Cardiology. Mas, como a planta pode aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, os autores pedem um pouquinho de cautela. Ataques de ansiedade, relacionados à ingestão acidental de muito THC, também preocupam — pois podem desencadear uma síndrome coronariana ou arritmia.

Interações medicamentosas merecem investigação. Por conta de comorbidades, muitas pessoas idosas tomam um coquetel de medicamentos. A maconha, por sua vez, tem cerca de 600 substâncias químicas, que podem aumentar ou diminuir os níveis sanguíneos de outras drogas que você está tomando, afetando as enzimas do fígado que ajudam a metabolizar medicamentos. 

Cuidado especial para quem toma medicamentos anticonvulsivantes e anticoagulantes, já que esses medicamentos tendem a ter efeitos colaterais graves. Se você fará uma cirurgia, também precisa comunicar o uso de cannabis ao médico, pois a anestesia e remédios para controle da dor pós-cirúrgica podem precisar ser ajustados.

Avanços à caminho!

Frasco de Óleo de cannabis com pipeta e planta de maconha
Os canabinoides seguem sendo estudados

É importante lembrarmos que, por conta da proibição, ainda veremos muitos avanços nas pesquisas com canabinoides nos próximos anos. Os resultados serão ainda mais consolidados à medida que usuários e usuárias envelhecem. Assim, poderemos ter uma confirmação mais sólida sobre todas essas pesquisas — que já nos dão uma perspectiva bastante animadora. Afinal, todos desejamos envelhecer com mais qualidade de vida, e proporcionar alívio para entes queridos na terceira idade.

E você, já sabia sobre isso? Pensa em sugerir para a família? Esperamos que a regulamentação chegue logo por aqui para que essa realidade passe a ser acessível para todos. Enquanto isso, seguimos lutando por essa planta que pode nos ajudar em todas as fases da vida.

Caso tenha alguma dúvida, deixe seu comentário — e não esqueça de seguir nosso Instagram @girlsingreen710 para ainda mais informações sobre nossa querida maconha.

Até a próxima!

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