Vamos explorar o potencial da maconha medicinal no caso do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)? Venha entender mais.
A comunidade de pacientes com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma das mais ativas nas redes sociais nos últimos tempos. Além de encontrar suporte e compartilhar suas experiências, muitos também aproveitam o espaço para tirar dúvidas. Dentre elas, uma questão bem comum por aí é relacionada à maconha: afinal, a planta pode melhorar ou piorar os sintomas?
Existe um número crescente de indivíduos que usam maconha como uma opção de autotratamento para TDAH. Eles afirmam que o uso de cannabis é terapêutico e particularmente útil para limitar as distrações, ajudando no foco, na ansiedade e nos efeitos colaterais dos medicamentos para a condição.
No entanto, embora possa ser útil para alguns indivíduos, as pesquisas que já temos falando sobre essa relação não são tão conclusivas!
Então, se você quer saber mais sobre como a maconha pode afetar, seja de maneira positiva ou negativa, pessoas com TDAH, vem com a gente.
O que é Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)?
O TDAH é uma condição neurocomportamental comum que causa alterações nos níveis de hiperatividade e comportamentos impulsivos. Embora muitas pessoas experimentem mudanças na energia e na atenção, elas tendem a ser bem mais frequentes e intensas naqueles com a doença. Isso pode interferir no funcionamento diário do paciente ou nas realizações de sua vida.
Normalmente, o TDAH é diagnosticado na infância e persiste na idade adulta. Estima-se que afete 11% das crianças em idade escolar e cerca de 4,4% dos adultos.
Quais os principais sintomas de TDAH?
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), usado para diagnosticar doenças psiquiátricas, existem sintomas e tipos diferentes do transtorno:
Predominantemente desatento: caracterizado principalmente por problemas na regulação da atenção. Nesse caso, os sintomas incluem: ser facilmente distraído por ruídos e imagens, tédio crônico, esquecimento, dificuldade para organizar tarefas, problemas para permanecer em tarefas e perder pertences regularmente.
Predominantemente hiperativo/impulsivo: aqui, a característica principal é comportamento impulsivo e hiperativo. Geralmente é o subtipo mais conhecido, com sintomas como: inquietação, comportamentos ruidosos e perturbadores, fala excessiva, dificuldade em ficar parado e sensação de estar constantemente em movimento.
Tipo combinado (ADHD-C): este tipo é diagnosticado quando sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade estão presentes.
A maconha pode ajudar com os sintomas do TDAH?
Não existem muitos estudos sobre o uso de maconha para o TDAH, principalmente por conta dos longos e longos anos de proibição. No entanto, com a legalização do seu uso terapêutico e medicinal em diversas partes do mundo, alguns avanços foram feitos nos últimos anos. Por exemplo:
Um estudo de 2016 que analisou postagens online mencionando experiências empíricas relacionadas à maconha e TDAH constatou que 25% dessas postagens declararam um impacto positivo da cannabis nos sintomas de TDAH, em oposição a 8% que disseram que era prejudicial.
Em 2019, uma revisão médica de 83 estudos constatou que havia evidências “escassas” e “insuficientes” sobre a eficácia da cannabis no tratamento de problemas de saúde mental, incluindo o TDAH.
Um pequeno estudo de 2020 com 112 pacientes adultos com TDAH que usavam cannabis medicinal descobriu que aqueles que tomaram uma dose mais alta de canabidiol (CBD) usaram menos os outros medicamentos para TDAH.
Já um estudo mais recente de 2021, com 1.700 estudantes, descobriu que aqueles com TDAH relataram que o uso de cannabis melhorou seus sintomas e diminuiu os efeitos colaterais de seus medicamentos para tratar a condição.
Mais pesquisas são necessárias para determinar se a cannabis pode trazer benefícios para adultos com TDAH. Por isso, neste momento, a maioria dos lugares com programas de maconha medicinal não inclui o TDAH como condição de qualificação para obter uma licença de usuário ou mesmo cultivador.
Então, o que isso nos diz?
Aparentemente, a palavra da vez é: cautela. Embora existam muitos casos de experiências pessoais que pontuam a maconha como positiva, ainda não é possível ter certeza de que ela vá ajudar à longo prazo — ou de uma forma mais substancial — quando o assunto são sintomas de TDAH.
Enquanto não existem estudos mais conclusivos, também é difícil saber qual a proporção ideal de CBD:THC para quem sofre com o transtorno.
Portanto, para adultos que desejam experimentar a maconha como forma de aliviar seus sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, é preciso ir com calma, cuidado e seguir as orientações médicas.
Isso porque misturar cannabis com outros medicamentos pode causar alguns efeitos colaterais. Por exemplo, um estudo de 2015 com adultos sem TDAH descobriu que a mistura de Adderall e maconha produziu um efeito único na função cardiovascular.
Posso usar maconha em vez de medicamentos para TDAH?
Mudar seu tratamento de TDAH para maconha medicinal não é aconselhado, já que não existem estudos que comprovem que a planta é 100% eficaz para tratar todos os sintomas de maneira segura.
No entanto, se você estiver pensando nisso, é muito importante entrar em contato com seu médico. Encontrar um profissional de saúde com conhecimento sobre os benefícios e riscos do uso de cannabis pode ser muito benéfico para seus planos gerais de tratamento, e ele pode inclusive orientar você sobre as melhores formas de conciliar seu uso com a medicação.
Aqui, confira nossa lista de profissionais da saúde mental antiproibicionistas.
Riscos do uso de cannabis para tratar os sintomas do TDAH
Segundo estudos, pacientes com TDAH usam cannabis duas a três vezes mais do que adultos sem TDAH. Isso porque indivíduos com o transtorno contam com baixos níveis de dopamina no cérebro, o que torna o uso ainda mais gratificante — digamos assim. Dessa forma, os riscos do uso da substância se tornar problemático, ou mesmo uma espécie de “muleta”, são reais.
Por exemplo, o transtorno relacionado ao uso problemático de maconha, que pode causar problemas clínicos significativos, tem duas vezes mais probabilidade de ocorrer em pacientes com TDAH. Mas por quê?
Além do motivo que explicamos acima, uma outra explicação é o fato de que a maconha pode facilmente se transformar em uma compulsão. O desenvolvimento da tolerância aos canabinoides também pode ser responsável por isso, já que se torna necessário consumir mais vezes a substância para chegar aos mesmos efeitos. Isso pode acarretar diferentes efeitos negativos, e até exacerbar os sintomas do TDAH em uma espécie de rebote.
Ou seja:
Como não existem conclusões sólidas quando o assunto é maconha e TDAH, nossa principal recomendação é ir com calma e ouvir os médicos. É importante acompanhar o desenvolvimento da ciência canábica antes de tomar decisões precipitadas, que podem ter consequências bem importantes para a vida de quem vive com o transtorno. E não esqueça: sempre converse com um psiquiatra e tire as suas dúvidas!
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Até a próxima!