GIRLS IN GREEN

Com nomes tão parecidos, live resin e live rosin são facilmente confundidos — mas vamos explicar porque eles são tão diferentes!

Atualmente, tanto no mercado regular quanto irregular, surgem cada vez mais produtos relacionados à maconha. Para a gente que é consumidor, é importante demais conhecer o que está por trás de cada nome e entender que mesmo uma letra pode representar um mundo de diferenças. Esse é o caso do live resin e live rosin, concentrados que levam quase o mesmo nome, mas não são tão semelhantes assim.

Primeiro, precisamos entender que o termo “live” que precede tanto rosin quanto resin em alguns casos se refere ao fato de que ambos são concentrados vivos. Isso significa que a planta não passa pelos processos de secagem e cura que podem preceder outros processos de extração dos tricomas, e que, pelo menos em tese, as características da planta são mantidas quase que sem alterações. 

Mas, para nos aprofundarmos nesse assunto, precisamos entender diversos outros pontos, que vão desde a produção até a qualidade final dos concentrados canábicos. Para isso, vamos fazer um comparativo bem didático sobre live resin e live rosin, e responder algumas das dúvidas mais comuns quando se fala nessas extrações canábicas que estão ficando cada dia mais famosas.

Vem com a gente!

Foto colorida de um pouco de Live rosin em cima de papel manteiga com uma espátula de metal
Live Rosin super clarinho. É válido dizer que visualmente é praticamente impossível diferenciar live rosin do live resin. Precisamos usar nossos sentidos (cheiro, tato e paladar) para diferenciar essas duas extrações.

O que é live rosin?

Normalmente, o rosin é uma extração criada usando temperatura e pressão em diferentes matérias-primas, como flores de maconha, haxixe ou kief. Assim, quando o material é prensado, a resina derrete, se descola do material vegetal e é espremida em um papel antiaderente. Depois, o resultado é coletado e refrigerado até o momento de uso — ou até transformado em outras coisas, como tópicos ou comestíveis!

Para ser considerado um live rosin, no entanto, o material inicial deve ser o ice (também conhecido como bubble hash, ice-o-lator, ice water hash, e por aí vai). Dessa forma, o produto é filtrado duplamente.

Por ser uma extração completamente livre de solventes, é uma das nossas favoritas. Afinal, como a gente sempre fala por aqui, um processo sem solventes garante um resultado mais seguro para o consumo e a certeza de que o hash maker não vai explodir nada pelo caminho. Mas um ponto negativo aos olhos de alguns produtores é que o processo de produção de live rosin tem um rendimento menor em comparação com as extrações com solvente. 

Mas vamos entender alguns outros detalhes:

Foto colorida de live rosin recém prensado no papel manteiga
Live rosin recém prensado

Características do live rosin

Quando produzido em condições ideais, o live rosin pode ser um dos tipos de extração mais fiéis à planta original. A consistência do produto final depende de como e em qual temperatura o rosin é trabalhado. Por exemplo: um hash maker pode fazer a tradicional “cura a frio”, que cria uma consistência cremosa e amanteigada, ou prensar com mais calor, o que resulta em um concentrado mais quebradiço.

Sabor do live rosin

Assim como qualquer outro concentrado canábico, o perfil de terpenos do produto final depende do material inicial.

Por exemplo, se você estiver usando um ice de alta qualidade com temperaturas e tempo controlados, pode fazer um live rosin com um sabor e aroma 99% igual ao da planta quando viva. Se você estiver usando um bubble hash de baixa qualidade ou colocando muito calor por um longo período de tempo, o live rosin resultante terá menos sabor e aroma.

Valores do live rosin

Geralmente, o live rosin tem um preço mais alto em comparação a outros extratos. Isso porque, para fazê-lo, a gente leva mais tempo e tem muito mais trabalho. Além disso, o processo de produção de live rosin é geralmente realizado em pequenos lotes, o que dá origem a um produto artesanal e mais “raro”. 

Foto colorida de quatro potes etiquetados contendo live resin em uma mesa de inox, em ambiente que parece um laboratório
Califórnia Live Resin Fonte: Future 4200

O que é live resin?

A live resin já começa bem diferente do rosin!

Após a colheita, as flores da maconha são imediatamente congeladas criogenicamente a aproximadamente -10º F por um período de 24 a 48 horas. Depois, usando equipamentos de extração em circuito fechado e solventes como butano e propano, a live resin é extraída e o solvente residual é removido durante o processo de purga.

Esse processo é mais complexo do que o processo tradicional de extrações com solventes, e requer equipamentos criogênicos e solventes inflamáveis — ​​que, por sua vez, necessitam de armazenamento, ventilação e detecção de gás adequados. Mesmo com o processo de purga, o BHO tem um rendimento maior e é feito mais rapidamente do que live resin.

Para fazer live resin, os fabricantes normalmente usam uma mistura de 70% de butano e 30% de propano, embora alguns operadores façam uma mistura de 50/50 ou 30/70, dependendo da preferência. Geralmente, quanto maior a proporção de propano, mais terpenos podem ser extraídos.

Após o processo de extração, a purga da live resin usa temperaturas mais baixas que a média para evaporar os solventes residuais do produto sem afetar tanto a quantidade de terpenos Embora essa purga lenta e gradual possa demorar mais do que outras, ela pode dar origem a um concentrado canábico de melhor qualidade.

Depois, a live resin pode ser transformada em várias outras coisas, como badder, waxes, comestíveis, pastilhas, cartuchos vaporizáveis e muitos outros produtos, cada um com uma consistência e qualidade diferentes.

Foto colorida de um potinho de vidro contendo live rein, com textura que se assemelha a uma calda açucarada.
Live Resin com textura açucarada.  Fonte: Leafly/ Devine Runtz

Características da live resin

No final do processo de produção da live resin, normalmente o resultado é um extrato âmbar brilhante. Entretanto, sua cor depende da qualidade do produto inicial e da eficiência da extração. Geralmente, sua textura é macia e maleável. Quando tem muitos terpenos, sua consistência é semelhante ao açúcar.

Sabor da live resin

Quando bem feita, a live resin pode ter uma boa preservação de canabinoides e terpenos originais da planta. Como os hidrocarbonetos têm pontos de ebulição relativamente baixos, eles não danificam tantos terpenos mais voláteis. No entanto, quando feita por amadores ou com materiais de baixa qualidade, podem conter terpenos sintéticos adicionados posteriormente para mascarar a falta de sabor.

Custo da live resin

Por render mais e não precisar de um processamento duplo, a live resin normalmente tem um valor bem mais acessível para o consumidor final.

As diferenças entre live resin e live rosin

Pode-se dizer que live resin e live rosin são tipos semelhantes de concentrados, pois ambos são potentes e buscam preservar as características naturais da planta? Sim!

Mas as principais diferenças entre live resin e live rosin são, como já vimos, seu método de produção e rendimento. 

A live resin é extraída usando solventes de hidrocarbonetos leves, como butano e propano, enquanto o live rosin usa um processo 100% livre de solventes — que acaba sendo mais seguro, principalmente em mercados nos quais não podemos depender de testes e certificados de análise.

Os métodos de produção de live resin e live rosin têm taxas de rendimento significativamente diferentes. Por exemplo, a extração com solvente rende cerca de 18 quilos por hora; enquanto isso, o live rosin tem um rendimento de menos de um quilo por hora.

Outra diferença são alguns processos de refinamento pelos quais a live resin pode passar, como o CRC. Vale lembrar que por conta dessas técnicas de refinamento, ambos os concentrados ficam muito parecidos. Através do mercado irregular, sem certificado de análise ou mesmo uma embalagem confiável, é muito difícil saber diferenciar tais concentrados

Você pode comprar um suposto “rosin” no mercado ilegal, achar que está fumando algo que foi produzido sem o uso de solventes. Na realidade, esse concentrado branquinho não passa de um live resin que passou por processos de purificação. Tá aí a herança da proibição, enganar as pessoas…

Foto colorida de um cartucho para canetinha de live resin
Cartucho para canetinha de live resin. Note a coloração quase transparente, devido ao refinamento por CRC  Fonte: weedmaps

O que é CRC?

CRC (color remediation column, ou técnica de remediação de cor) é uma prática de refinamento bastante comum na indústria alimentícia, e é utilizada para clarear alguns alimentos. A galera trouxe essa estratégia para o universo da live resin para conseguir dar conta de atender a demanda do mercado por produtos mais claros. Existem live resin transparente — e isso significa que elas passaram por muitos processos para chegar nessa tonalidade.

O CRC gera algumas controvérsias: alguns afirmam que é seguro, enquanto outros o enxergam apenas como outra maneira de purificar um óleo canábico de baixa qualidade.

Outros dizem que é uma fraude: faz com que o destilado sujo e de baixo teor pareça live resin de primeira linha. Os dados de segurança são limitados e faltam testes para contaminação por CRC, mesmo em estados legalizados, de acordo com o Leafly. E outro problema é que ele pode envolver substâncias nem sempre legais para o nosso organismo, como:

  • argila bentonita,
  • magnesol,
  • terra de diatomáceas,
  • e sílica.

Qual é melhor entre live resin e live rosin?

“Nem melhor, nem pior — apenas diferente”. Será mesmo? Muita gente diz que o que é melhor ou pior depende das preferências e necessidades particulares de um consumidor. Mas a gente tem nossa opinião!

Um live rosin ruim pode deixar o consumidor extremamente frustrado, mas ele não vai causar danos irreversíveis à saúde. Enquanto isso, uma extração feita com solventes, como é o caso da live resin, pode muito bem conter traços de butano ou propano resultantes de uma purga mal feita. Isso pode gerar inúmeros danos às vias respiratórias, como já contamos por aqui pelo blog.

Além de tudo isso, existem os problemas gerados por laboratórios improvisados de extrações com solvente. Sem os equipamentos corretos, o acúmulo de gases tóxicos pode gerar problemas graves e até mesmo explosões. Lá no nosso Instagram, não são poucos os relatos que recebemos de quem passou (ou conhece quem tenha passado) por situações assim.

Portanto, embora possa parecer tentador, nosso melhor conselho é: se for usar extrações com solvente, que seja de marcas confiáveis e, de preferência, com testes. E, caso queira fazer seu próprio concentrado, tente métodos sem solvente — como os que ensinamos.

E aí, entendeu porque esses tipos de extração são tão diferentes? A gente espera que tenha conseguido tirar algumas das suas dúvidas sobre essa temática que a gente curte tanto. O mundo dos concentrados está cada dia mais vasto, e a gente segue se atualizando nos processos para trazer informações quentinhas por aqui.

Não esquece de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710.

Até a próxima!

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