Embora landrace pareça apenas mais um daqueles termos difíceis de entender e falar em inglês, ela é muito importante para a cultura canábica. Aqui, a gente te explica o porquê!
Landrace é a mistura de dois termos em inglês: race é a espécie da planta, e land é o território onde ela surgiu e foi originalmente cultivada. E, embora a palavra apareça bastante por aí, muitos não sabem do que ela se trata. Podemos dizer que ela tem uma importância crucial – tanto para entender mais sobre a origem de cada strain quanto às condições em que ela cresceu. De forma bem simples: landraces são genéticas que se desenvolveram e se adaptaram em um ambiente específico. Não possuem o toque humano nos cruzamentos, são como sementes caboclas – crescendo sob o crivo severo da seleção natural.
Se você é uma daquelas pessoas que adora saber mais sobre a história dessa erva tão incrível, esse texto vai ser perfeito para você! Aqui, vamos contar mais sobre o que são as landraces, quais são as principais espécies, e como elas se mantiveram desde os primeiros passos da relação entre cannabis com o ser humano até hoje. Então, bora?
O que são as landraces?
Para entender melhor o tema, é preciso um pouquinho de contextualização histórica. A origem da relação entre as plantas de cannabis e os seres humanos remonta à antiguidade, e as primeiras evidências de uso da erva – seja em rituais religiosos ou para o puro prazer – foram encontradas na Ásia. Fora da Ásia Central, todas as linhagens de landrace são o resultado de cultivares selvagens, cultivadas seletivamente por seres humanos, que depois se adaptaram gradualmente ao ambiente ao longo do tempo.
“As landraces são as strains originais, que surgiram antes do cultivo profissional, e foram se desenvolvendo a partir das características de sua região.”
Ao longo do caminho, outros cultivos mais novos teriam cruzado com essas espécies selvagens. Mesmo dentro da faixa pré-histórica da Ásia Central, suspeita-se que a cannabis domesticada selvagem tenha cruzado com seus ancestrais, tornando improvável a existência atual de uma cepa “original”.
Elas são historicamente e geneticamente essenciais para entendermos a relação do mundo com a erva e as culturas na qual ela sempre esteve presente. Essas espécies foram moldadas pelas mãos da própria Mãe Natureza, e são as origens da variedade incontável que encontramos atualmente em dispensários. Por serem espécies com cultivo 100% natural, são quase sempre puramente indicas ou sativas – raramente se encontra uma landrace híbrida.
Principais landraces que conhecemos
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Hindu Kush: a Hindu Kush é uma variedade indica pura, cujo nome deriva da cordilheira que se estende por 800 quilômetros entre o Paquistão e o Afeganistão, de onde ela se originou. O clima severo de sua terra natal condicionou essa variedade a expressar uma espessa e protetora camada de tricomas de cristal – apreciada pelos fabricantes de hash em todo o mundo.
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Afghani: é uma espécie de indica pesada, batizada em homenagem a sua origem geográfica, onde acredita-se que as primeiras variedades de cannabis tenham crescido. Growers em todo o mundo passaram a valorizá-la por sua produção pesada de resina, que é transmitida geneticamente.
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Colombia Gold: essa landrace sativa vem das montanhas de Santa Marta, na Colômbia. Seus brotos são macios e cobertos de cristais, irradiando notas suaves de limão e lima. Foi o pai do famoso Skunk #1, um híbrido que se tornou um item básico no cultivo de maconha. Por isso, é famosa não só aqui na América do Sul, mas no mundo todo.
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Thai: variedade de cannabis que cresce nativamente na Tailândia. Essa raça sativa pura às vezes é chamada de “Thai sticks”, ou “varas tailandesas”, devido à maneira como seus botões são tradicionalmente secos e amarrados em varas longas. A Thai deu origem a muitas strains que normalmente vemos no mercado hoje, incluindo a Voodoo, Juicy Fruit e a clássica Haze.
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Manga Rosa: uma strain que, assim como a Girls In Green, é 100% brasileira. Acredita-se que as primeiras sementes da erva a chegar aqui foram trazidas por escravos, entre os anos de 1500 e 1700. Como o clima de nossas terras é muito favorável para o plantio e o clima parecido com o de onde vieram, essas sementes de cannabis prosperaram. A mais famosa landrace do Brasil é a Manga Rosa, que tem esse nome devido à fruta homônima, e surgiu em solo nordestino.
Sua importância para a comunidade canábica
Além de serem o início de tudo, as landraces são uma expressão do local onde nasceram. As da Ásia e do Oriente Médio, por exemplo, deram origem ao charas – tipo de haxixe feito esfregando as flores e partes com tricomas com as mãos. Por serem puras indicas ou sativas, elas mantêm características diferentes e praticamente únicas no cenário moderno – e por isso são tão valorizadas até hoje. Haxixes das montanhas do Himalaia ou o famoso hash das montanhas de Manali, por exemplo, são itens extremamente procurados não apenas pelas suas propriedades, mas pelo fato de que são tradicionais.
Enquanto nas strains modernas o breeder controlou tudo e definiu os traços desejados, nas landraces, quem fez isso foi a própria terra. E isso é muito valorizado – ainda mais por quem vê a cannabis como algo espiritual e cultural (todo o respeito para as/os breeders, pessoas que trabalham com a seleção de características nas diferentes variedades da cannabis)!
A dificuldade de manter as landraces
Embora sejam tão importantes, as landraces são difíceis de manter hoje em dia, quando existem milhares de strains diferentes. Isso porque, quando estão no mesmo território que outras, podem passar pelo processo de polinização cruzada, o que altera sua genética. Por esse motivo elas sofrem um grande perigo de extinção.
No ano passado, nós, da Girls in Green, tivemos a possibilidade de conhecer a Jamaica e saber um pouco mais sobre suas espécies originais. E um dos fatos que nos chamou a atenção foi justamente essa temática: como, após a chegada de diversas strains americanas em solo jamaicano, passou a ser mais difícil ter controle dessa genética pura. Isso acontece não apenas na Jamaica, mas em outros países como o Marrocos. Hoje em dia é comum ir nas montanhas do Marrocos e encontrar inúmeras strains americanas crescendo por lá.
Outro grande risco para as landraces é a guerra às drogas. O proibicionismo devasta plantações e espécies milenares, colocando em risco a biodiversidade e a nossa capacidade de, através de estudos e pesquisas, entender mais sobre as genéticas nativas de cada local.
E aí, gostou de conhecer um pouco mais sobre as maravilhosas landraces? Agora, da próxima vez que você aproveitar uma Manga Rosa ou uma Colombia, pense que você está admirando um trabalho feito pela natureza, em seus mínimos detalhes. É amor demais!
Ficou com alguma dúvida? Deixe o seu comentário aqui embaixo.
FONTES
https://www.leafly.com/news/cannabis-101/the-cannabis-origin-what-is-a-landrace-strain
https://herb.co/learn/what-are-landrace-strains/
https://www.findclearchoice.com/landrace-strains/
Muito bom o texto, ótimas explicações.
Tive o prazer de conhecer a manga rosa e tinha outra aqui no nordeste a cabeça de nego, deliciosas e potentes.
Salve a manga rosa!!
Eba que bom que você gostou Rafael! Já provamos uma manga rosa muito boa ai no NE também!! <3
Da hora
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