Com o aumento do interesse na terapia com psicodélicos, precisamos falar sobre uma fase fundamental para esse processo: a integração da experiência. Vem saber mais!
A terapia com psicodélicos é um assunto que tem ganhado bastante atenção nos últimos tempos, e a gente até já falou sobre ela aqui no blog. O campo está em expansão, e existem pesquisas das mais diversas investigando os poderes de algumas substâncias, como o LSD, a ketamina, a psilocibina e o MDMA, como ferramentas na busca por equilíbrio e saúde mental — que, cá pra nós, está em falta para boa parte da população mundial nos dias de hoje.
Pelos cálculos da Organização Mundial de Saúde (OMS), um bilhão de pessoas ao redor do planeta convive com pelo menos um transtorno mental. Muitos cientistas acreditam que a chave para resolver boa parte desses problemas está nos psicodélicos. Mas não basta fazer uso da substância: é fundamental seguir alguns protocolos terapêuticos. E é aí que entra a integração psicodélica.
Essas experiências transformadoras não seriam possíveis sem o trabalho profundo que as segue. Aqui, vamos explicar para você os principais motivos que tornam a integração uma parte vital da terapia com psicodélicos.
Vamos nessa?
O que é integração psicodélica?
De acordo com a clínica de terapia com psicodélicos Mindbloom, a integração psicodélica refere-se ao processo que junta as percepções, emoções e/ou atitudes da experiência psicodélica e processa cada uma delas em diferentes áreas da vida do paciente. De forma geral, significa pegar esses “insights” e transformá-los em um quebra-cabeças, onde as peças vão se encaixando até fazer sentido como um todo.
É essa etapa do processo que ajuda os indivíduos a alcançarem uma sensação de completude para intenções definidas no tratamento.
As intenções podem ser das mais variadas: entender e assumir erros, encarar traumas ou situações complexas, compreender aspectos ocultos da própria identidade, e a lista segue. Afinal, compreender nossa totalidade é o que constrói bases fortes para todas as decisões que tomamos ao longo de nossa vida.
As experiências psicodélicas contam com um potencial enorme de expandir nossa percepção, sobre nós mesmos, os outros, nossos sonhos e objetivos, fatos e pensamentos. Elas podem mostrar com mais clareza novos objetivos, coisas que precisamos resolver, e até medos que precisam ser superados para que seja possível avançar.
Sentimentos, sensações e ideias que surgem durante a experiência psicodélica podem ser significativos para o processo de cura. Integração é sobre criar o espaço para “dar sentido” a esses sentimentos, sensações e ideias. Dessa forma, a terapia de integração aumenta o potencial de transformação pessoal que os psicodélicos oferecem. Legal, né?
Para retomar: as etapas da experiência psicodélica
Como falamos no nosso artigo sobre terapia com psicodélicos, normalmente ela é dividida em três fases principais: a preparação, o suporte e, por fim, a integração.
Na preparação, que ocorre antes da sessão de medicação, os terapeutas desenvolvem um relacionamento terapêutico com o paciente, além de reunir informações sobre ele e sua história. É durante ela que são fornecidas explicações mais profundas sobre a experiência psicodélica e a abordagem terapêutica que será usada.
O suporte é basicamente o acompanhamento do terapeuta aos participantes durante as sessões de terapia com psicodélicos. Eles também garantem a segurança e ajudam o paciente no atendimento de suas necessidades.
Por último, depois de tudo isso, a fase de integração envolve uma revisão completa da experiência do paciente. Em alguns casos, também pode ocorrer a aplicação de técnicas terapêuticas para reforçar aspectos particulares da experiência, de modo que eles promovam a sustentação de padrões de pensamento e comportamento desejáveis.
Em outras palavras, a integração pode ser entendida como a continuação de um processo terapêutico que começou durante as sessões de preparação, e intensificado durante uma experiência psicodélica. O papel do terapeuta é facilitar o processo de integração e ajudar a consolidar essa nova mentalidade.
Por que a integração psicodélica é tão importante?
A integração é uma parte fundamental da experiência psicodélica justamente porque é o que torna os insights reais.
Sem integração, a experiência com psicodélicos é potencial bruto — com um cristalzinho que precisa ser dilapidado. Ela pode mostrar novas maneiras de ser e trazer à tona sentimentos ou percepções importantes sobre sua vida, mas sem necessariamente provocar uma mudança de comportamento. A integração, no caso, é o que vai ajudar o paciente a materializar o que foi visualizado.
Sem comparecer ao trabalho de integração (que só começa quando a experiência psicodélica termina), fazer isso é uma missão mais complexa.
O trabalho de integração psicodélica não é apenas importante — ele é o componente que torna a terapia psicodélica e a medicina psicodélica tão terapêutica e transformadora para a vida de alguns.
Quanto tempo leva a integração psicodélica?
Tal como acontece com a maioria das perguntas gerais em torno da experiência psicodélica, a resposta é que depende da pessoa, de sua intenção e de seu contexto único. Existem pessoas que conseguem entender profundamente sua experiência em uma sessão de terapia; outras podem levar semanas, meses, ou até anos.
Outro ponto importante é compreender que a integração pode ser facilitada por um terapeuta, mas as ações que se seguem dependem completamente do paciente. Portanto, o trabalho de integração é uma construção constante.
Algumas das ações relacionadas à integração podem ser tratadas com bastante rapidez. Por exemplo, se você percebe uma preocupação inconsciente com a saúde, é possível mudar a rotina de exercícios, os hábitos alimentares e até fazer uma visita ao médico.
Mas, em casos mais profundos, como traumas relacionados ao luto, as soluções podem não ser tão práticas.
A integração de experiências psicodélicas pode levar de alguns minutos a alguns anos. Depende das lições e insights que surgem, do trabalho que você está disposto a fazer depois e da natureza da experiência em si e do conteúdo que surgiu.
Principais tipos de integração psicodélica
Os tipos de integração psicodélica são diversos, e geralmente mudam de acordo com o local onde a terapia é oferecida. No California Center for Psychedelic Therapy, por exemplo, eles incluem modalidades como:
- Terapia somática;
- Terapia com artes visuais;
- Psicologia junguiana;
- Práticas de mindfulness;
- E práticas de redução de danos.
Essas estratégias podem ser utilizadas para lidar com as mais diversas faces de uma experiência com psicodélicos, desde as mais tranquilas até as mais desafiadoras. As últimas podem envolver ansiedade, pânico, medos e fobias, dissolução do ego e até mesmo momentos em que revive traumas. De acordo com estudos, essas dificuldades podem até parecer assustadoras — mas, com uma boa integração, é possível compreender os fatores que levaram sua mente e seu corpo a essas reações. Dessa forma, fica mais fácil identificar gatilhos até mesmo em situações cotidianas.
E aí, gostou de entender um pouquinho melhor sobre a integração psicodélica e os motivos pelos quais ela é tão importante? Uma experiência com substâncias pode ser sempre interessante, mas ela muda muito de figura quando temos as ferramentas certas para lidar com a vida que segue depois. E nós acreditamos que isso é mágico!
Conta pra gente: você já teve uma experiência assim? O que mudou para você? Já sentiu o desejo de entender melhor essas terapias? Deixe seu comentário e não esqueça de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710, onde falamos sobre uso de substâncias nos mais diversos contextos, Redução de Danos, e muito mais.
Até a próxima!