O flushing é muito usado por quem cultiva maconha indoor. Mas, feito da maneira errada, ele pode prejudicar as suas plantinhas! Aqui, entenda o que é e quais mitos o rodeiam.
Quando falamos sobre cultivo, é bastante comum encontrarmos tópicos que não são consenso entre quem planta maconha — afinal, cada cultivo é único e cada um conta com práticas que funcionam bem para si mesmo, mas nem sempre para os outros. O flush, ou flushing, é uma dessas técnicas bem controversas em alguns sentidos.
A gente acredita que o flush pode até ser recomendado em alguns casos, mas definitivamente não vai fazer milagres!
Na comunidade do cultivo, principalmente aqui no Brasil, rolam por aí muitos mitos sobre as técnicas de flushing que, a partir de bastante pesquisa e experiência, a gente gostaria de quebrar. Acima de tudo, queremos dar algumas dicas para que você não prejudique suas plantinhas ou estresse elas demais sem necessidade.
Vem com a gente entender o que é flushing no cultivo de maconha, para que ele funciona e para que ele definitivamente não funciona.
Flushing é uma técnica na qual você para de dar nutrientes à planta de maconha e rega sua planta com água pura
O que é flush ou flushing?
Basicamente, flushing é uma técnica na qual você para de dar nutrientes à planta de maconha e dá água pura. Isso normalmente é feito para eliminar nutrientes e minerais que ficaram acumulados nelas ao longo do cultivo.
Quando fazer o flush normalmente é recomendado?
Nas nossas pesquisas, encontramos muitas referências ao flushing em três momentos:
- Pré-colheita;
- Mudança repentina no ciclo de nutrientes;
- Bloqueio de nutrientes.
Geralmente, o flushing também só é recomendado caso você tenha um cultivo indoor ou feito em vasos. No outdoor, a medida não faz sentido — além de potencialmente causar desequilíbrios no seu solo natural.
Qual o sentido do flush nas plantas de maconha antes da colheita?
Muitos cultivadores e cultivadoras acreditam que o flush pode ser uma boa pedida na reta final do cultivo, a aproximadamente uma semana da colheita.
Normalmente, esse tipo de flush é feito regando as plantas com a mesma quantidade de sempre, mas apenas com água pura. Segundo os adeptos da prática, isso obriga a planta a usar os nutrientes armazenados nela e, caso suas reservas de nutrientes não sejam usadas ou quebradas, isso poderá afetar a qualidade do que é colhido. Mas isso é uma afirmação anedótica!
No Leafly, encontramos recomendações de fazer o flush em momentos diferentes dependendo do seu tipo de meio de cultivo:
- Solo natural: 7-10 dias antes da colheita
- Rockwool/lã mineral e coco: 7 dias antes da colheita
- Hidroponia: 5-7 dias da colheita
Também é estipulado que as regas devem ser feitas normalmente antes da colheita e, mesmo fazendo o flush, o cultivador deve se certificar de que suas plantas não estão muito secas ou encharcadas. Elas devem estar bonitas, frondosas e saudáveis antes de serem colhidas.
Em caso de desequilíbrio de nutrientes ou bloqueio
Uma planta com muitos nutrientes, níveis de pH inadequados ou outros estressores podem acabar com um desequilíbrio — ou mesmo um bloqueio de nutrientes (o famoso overfert). Ele é resultado de um acúmulo de nutrientes ou minerais no solo, o que pode impedir a absorção de novos nutrientes.
Para muitos que cultivam, o flush pode ajudar a remover esse excesso e a restaurar o nível de pH do solo. Isso permitirá que as plantas voltem a absorver nutrientes normalmente.
Outras pessoas ainda recomendam fazer um flush na troca de estágios da planta. Como a maconha tem diferentes necessidades nutricionais dependendo do estágio de crescimento em que se encontra, “lavar” seus nutrientes antigos pode ajudar a redefinir o solo nesses momentos.
O que a ciência diz sobre o flushing
Existem poucas pesquisas sobre isso, mas encontramos dois estudos que tiram um pouco o poder milagroso que muitos cultivadores e cultivadoras imputam ao flushing. O primeiro se chama Irrigation Management Strategies for Medical Cannabis in Controlled Environments, escrito por Jonathan Stemeroff. De acordo com o autor, não existem evidências para sustentar tudo o que dizem sobre a prática. E, segundo testes práticos conduzidos por Stemeroff, o flush pré-colheita não diminuiu os níveis de nutrientes presentes nos tecidos da planta.
Então, segundo esse estudo, o flush pré-colheita só serve mesmo para economizar nos nutrientes e deixa as últimas fases do cultivo mais baratas sem demonstrar perda na qualidade final.
Um segundo estudo, realizado pela Rx Green Technologies, avaliou os efeitos do período do flushing no rendimento, potência, terpenos, conteúdo mineral e características de sabor da maconha. No geral, ele não afetou o rendimento, potência, terpenos ou características de sabor das flores.
Ou seja: de acordo com eles, os resultados do estudo indicam que não há benefício em fazer flush se o seu objetivo é melhorar o sabor ou a experiência do consumidor.
Então, o que o flush pode e não pode fazer?
O flushing pode ajudar a:
- Limpar o seu solo no cultivo indoor;
- Economizar uma graninha nos dias finais do cultivo por não usar nutrientes.
Mas o flushing não ajuda a:
- Aumentar a concentração dos terpenos, de THC e de outros canabinoides na planta;
- Melhorar o sabor, o aroma e a experiência geral ao consumir suas flores;
- Otimizar a produção de tricomas, caso seu foco seja as extrações;
- Deixar as plantas roxas — afinal, como já explicamos aqui no blog, isso acontece apenas em genéticas pré-dispostas a desenvolver um tipo específico de pigmento;
- Retirar qualquer traço de pesticida, fertilizante ou qualquer outro tipo de produto danoso para o consumidor.
Existem riscos ao fazer flush?
Sim! O flushing bem controlado pode não oferecer muitos benefícios ou riscos, mas privar sua planta de nutrição por muito tempo ou fazer isso de forma inadequada pode ter consequências catastróficas para seu cultivo.
- Fazer flushing muito cedo e com muita frequência restringe os nutrientes e atrapalha o desenvolvimento da maconha. Já ouvimos falar de pessoas que deixam a planta em jejum por semanas e semanas — isso não é nem um pouco bom e impede que suas plantas cresçam e floresçam.
- Lavar muito cedo também pode resultar em folhas amareladas ou descoloridas por conta da falta de nutrientes.
- Plantas com deficiência em nutrientes geralmente apresentam crescimento atrofiado, florescimento retardado, baixos rendimentos e baixa produção de tricomas/resina. Elas também ficam ainda mais suscetíveis a indicadores naturais.
A gente recomendaria fazer flushing? Sobretudo, não. A prática pode ser bem arriscada para cultivadores iniciantes que não sabem muito bem o que estão fazendo. Vários sinais podem ser perdidos no meio do caminho, e suas plantas podem sair muito prejudicadas por conta do estresse. Se você cultiva há anos, faz flush e funciona para você, legal! Mas não diríamos para alguém tentar o mesmo — afinal, cultivar é caro e perder as plantas por erros bobos é uma dor que só quem já passou conhece.
E, para quem cultiva outdoor, o lembrete é que não é necessário fazer flushing! Ele pode atrapalhar o desenvolvimento de um solo natural saudável, principalmente se seu rolê é orgânico e/ou regenerativo. Aliás, zero necessidade de fazer flush em um cultivo orgânico.
E aí, gostou de saber mais sobre essa técnica tão controversa? Lembramos que você tem que fazer sua pesquisa direitinho, ler mais opiniões e entender se pode ou não funcionar no seu caso. Aqui, levantamos algumas orientações, estudos, artigos e opiniões para ajudar você a construir esse conhecimento. Mas a decisão final é sempre de quem cultiva e vive seu plantio no dia a dia.
Não esqueça de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 para mais informações sobre cultivo, concentrados e muito mais.
Até a próxima!