GIRLS IN GREEN

Maconha e culinária é um match enviado diretamente dos céus. Mas como fazer, dosar e quais cuidados tomar quando falamos dos famosos edibles, ou comestíveis canábicos? Vem ver!

Vamos falar sobre comer maconha? Não, espera aí, não é pra mastigar o baseado não: existem estratégias incríveis de cozinhar com a planta e produzir delícias turbinadas com canabinoides, terpenos, terpenoides e tudo o que há de melhor na cannabis. Além de gostosos pra caramba, os comestíveis canábicos (ou, em inglês, edibles) são também uma forma de reduzir danos no seu consumo, e podem ser uma estratégia para quem deseja aproveitar todos os efeitos terapêuticos da plantinha – juntos de uma brisa sem igual.

Enquanto no mercado legal fica fácil encontrar opções para todos os gostos e necessidades, no Brasil, assim como quase todo o resto das coisas que envolvem a maconha, é tudo no famoso improviso. Por isso, é mega importante encontrar uma forma balanceada de cozinhar com a erva, seja um brisadeiro (ou brigaconha), brownies mágicos, space cakes ou qualquer outra receitinha que você desejar.

O grande segredo dos edibles está na dosagem: dependendo da quantidade, você pode ter uma experiência muito incrível – ou muito desafiadora.

Aqui no blog, já falamos muito sobre eles, e voltamos aqui para fazer uma coletânea com todas as informações que você precisa para uma viagem mais segura: desde os conceitos, receitinhas e até mesmo cuidados com essa substância que, como qualquer outra, deve ser consumida com bastante consciência.

Vem com a gente!

Foto de pedaços de  Spacebrownie ou brownie com maconha, decorados com sorvete e folhas de maconha
Spacebrownie ou brownie com maconha

Descarboxilação: o primeiro conceito

Como já mencionamos ali em cima, os edibles são comidinhas que levam a cannabis em sua receita. Mas não é só jogar a plantinha na panela não! Existe uma técnica para quem deseja cozinhar com maconha: ela se chama descarboxilação.

A descarboxilação é uma maneira de ativar as propriedades psicoativas da cannabis através do calor. Isso deve ser feito porque a erva fresca não contém quase nada de THC, a substância responsável pela maior parte dos efeitos que mais gostamos. As flores frescas e seus tricomas são ricos em THCA, a forma ácida do THC.

Para transformar o THCA em THC, precisamos de temperaturas altas. Quando aquecemos a erva, a molécula se quebra e conseguimos aproveitar sua ação psicoativa. Mas, para ter o máximo de THC quando cozinhamos com cannabis, é preciso descarboxilazá-la antes! Aqui, nós já ensinamos bem direitinho como fazer esse processo.

Maconha + gordura = onda

Para cozinhar com a cannabis, também precisamos lembrar que nossa ervinha favorita é lipossolúvel. Isso significa que seus componentes se dissolvem não em água, mas sim em gorduras – como manteiga e óleos vegetais, como o de côco. Essas duas gorduras são as mais utilizadas para cozinhar alimentos canábicos, e podem ser feitas em casa e guardadas para quando você quiser/precisar da sua guloseima favorita.

Para fazer cannabutter, você precisa de 50 ou 100g de manteiga (caso você queira uma dosagem mais distribuível) e de 5 a 10 gramas de maconha descarboxilada.

Em uma panela, você irá derreter a manteiga junto com um copo de água. Quando ela começar a formar pequenas bolhinhas, adicione a cannabis moída. Mantenha o fogo baixo (controle a temperatura da mistura para que ela nunca exceda os 90°C) e deixe a mistura cozinhar 45 minutos para médio aproveitamento ou 90 para máximo aproveitamento – não se esqueça de mexer ocasionalmente e não deixar a mistura ferver completamente.

Por último, coe a cannabutter e deixe a mistura ainda com a água em um pote. Quando esfriar, coloque na geladeira por 1 hora ou até que a manteiga endureça e escoe a água que sobrar no fundo.

Já para o óleo de côco canábico, basta trocar a gordura animal pela vegetal – ele ainda vai permitir que você faça suas receitas canábicas com toda a potência e sabor que você deseja.

O cozimento pode ser feito de várias maneiras: em banho-maria, em ponto baixo, por pelo menos 6 horas (8 é melhor), mexendo ocasionalmente; ou em uma panela simples em fogo baixo por pelo menos três horas, mexendo com frequência (já que diretamente na panela a mistura é mais suscetível a queimaduras). Em todos os casos, uma pequena quantidade de água pode ser adicionada aos ingredientes para ajudar a evitar a queima.

Nota: qualquer que seja o método escolhido, a temperatura do óleo não deve exceder 118°C. Para controlá-la, use um termômetro de cozinha.

Você pode usar essas misturinhas para fazer brownies ou brisadeiros – que já ensinamos por aqui!

Prato com morandos, buds de maconha, brigadeiro de maconha e chocolate de maconha
Edibles, os comestíveis canábicos!

Desafio: como saber a dose?

Cada pessoa tem um organismo único e, portanto, pode experimentar resultados diferentes com vários medicamentos. A resposta de uma pessoa a uma dose de cannabis comestível pode variar significativamente em relação à outra, ainda mais do que outros medicamentos ou ervas. Por quê?

Vários fatores estão envolvidos, incluindo história prévia de uso de cannabis, fatores gastrointestinais e a função/sensibilidade do sistema endocanabinoide. Poucas pessoas são ultrassensíveis ao THC e se dão bem com doses muito baixas (por exemplo, 1 mg).

Depois que você passa de 100 mg e toma doses extremamente altas, como 150 mg, 200 mg ou mesmo 500 mg de maconha comestível, o risco de efeitos negativos – como náusea e paranoia – aumenta, mesmo para os consumidores com tolerâncias muito altas.

Portanto, a dose comestível ideal depende de muitas coisas, incluindo tolerância, química corporal individual e a experiência que você está procurando. Mas existem algumas diretrizes básicas que podem ajudá-lo a encontrar a dose certa de maconha comestível, que é medida em miligramas (mg):

Tabela informativa para dosagem de comestíveis

A nossa tabela informativa sobre dosagem de comestíveis. Vá com calma!

No proibicionismo, como é nosso caso no Brasil, fica muito mais difícil de saber quantos mg de THC estão presentes em nossas amostras de cannabis – a menos que sejamos adeptos ao autocultivo ou tenhamos uma receita para uso medicinal e/ou terapêutico. Portanto, nossa dica é testar com muita calma e ir aumentando a dosagem conforme o seu organismo reage à quantidade inicialmente consumida.

Como já falamos ali em cima, embora não seja humanamente possível ter uma overdose de cannabis, em grandes quantidades ela pode ser responsável por sensações negativas e desconfortos – e até se tornar um gatilho para crises de ansiedade.

E será que vai bater?

Uma das principais coisas que você precisa ter quando ingere um edible é paciência. Isso porque, diferente do seu beck, ele não vai bater em questão de minutos. A Florzine já trouxe aqui uma tabela bem interessante para entender essas diferenças entre métodos de consumo, intensidade da onda e tempo de duração:

No mercado legal

Em países ou estados onde a cannabis é legalizada, os comestíveis se tornaram um mercado bastante amplo: ele vai desde empresas que fazem gummies (aquelas balinhas de gelatina que a gente a-d-o-r-a), doces em geral, cookies, brownies, bolos e todos os tipos de delícias imagináveis, até mesmo chefs especializados em cozinhar com canabinoides e combinar os terpenos e sabores da comida com o da nossa plantinha amada.

A Netflix, inclusive, tem uma série incrível sobre isso: a Cooked With Cannabis mostra diferentes chefs canábicos fazendo suas próprias extrações e criando pratos muito loucos para deixar os jurados bem chapadinhos e chapadinhas.

Mas a indústria também vem com seus problemas, né, gente? 

Desde que os comestíveis canábicos foram regulamentados e passaram a ser vendidos em dispensários, alguns tipos de problemas foram relatados. Pacientes que aparecem em emergências hospitalares após a ingestão de alimentos apresentam mais sintomas psiquiátricos e cardiovasculares do que aqueles que fumam ou vaporizam maconha, de acordo com um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade do Colorado.

Parte do problema (com comestíveis) é que o início é atrasado e o efeito de pico é atrasado, o que significa que algumas pessoas podem empilhar as doses quando não sentem os efeitos imediatamente.

Outro problema é que gummies e chocolates podem também ser encontrados e comidos por crianças, que os confundem com doces comuns. Centros de controle de intoxicações nos Estados Unidos afirmam ter visto um aumento no número de crianças que ingeriram THC depois de comer os edibles de seus pais, passando de apenas 19 casos em 2010, antes da maconha recreativa ser legalizada em qualquer estado, para 554 casos no ano passado . Cerca de 400 desses casos eram crianças menores de 5 anos.

Por isso, todo cuidado é pouco!

  • Mantenha seus comestíveis guardados em locais seguros, escondidos de crianças e animais.

  • Se você morar com a família ou amigos, sinalize comestíveis na geladeira e avise para que ninguém coma sem saber sobre o seu ingrediente secreto.

  • Faça a dosagem com muita cautela e espere o tempo necessário antes de comer uma outra porção. A paciência é a chave!

  • Use uma erva de qualidade para fazer seus edibles, ou lave o prensado antes de usá-lo para isso.

  • No Brasil, muita gente têm sido presa pela fabricação desse tipo de guloseima. Não se exponha!

Tabela comparativa entre efeitos da ingestão e inalação da maconha
Tabela comparativa entre efeitos da ingestão e inalação da maconha

E aí, gostou dessas informações? Esperamos que assim você consiga aproveitar melhor essas delícias que são as comidinhas canábicas. Conta pra gente: você já provou ou fez em casa alguma delas? Qual foi sua experiência? Deixa aí nos nossos comentários ou manda pra gente no nosso Instagram @girlsingreen710.

Até a próxima!

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Yuri
Yuri
1 mês atrás

Tenho uma dúvida
Depois q a menteiga é feita
Pode ser usada normalmente ?
Questão de temperatura
Vc diz q na hora de fazer a manteiga ela precisar ser feita até 90graus
E depois q ela está pronta pode ser usada normalmente nas receitas ? Ou deve ser usada em receitas q n usa temperatura alta?
Obrigado pela atenção Des de já 🙏🏼📈