Todo mundo tem um sistema todo especial relacionado a nossa plantinha favorita – a cannabis. Mas como ele funciona e para quê ele serve? Aqui, contamos tudo!
Com os avanços da ciência, a gente descobriu muita coisa relacionada à maconha – não apenas no que diz respeito a ela como planta, mas também sobre o seu funcionamento no nosso organismo. E perguntamos: você consegue imaginar a surpresa da galera nos laboratórios quando chegaram à conclusão de que, para absorver e sentir os efeitos dos canabinoides, o ser humano (e outros animais) tem um sistema todo especial?
É isso aí: a gente tá falando do sistema endocanabinoide (ECS)!
Esse achado ainda é relativamente novo e estamos aprendendo mais e mais sobre ele, conforme avançam as pesquisas relacionadas a sua importância em nosso organismo. Mas já sabemos de muita coisa – por exemplo, que o nosso próprio cérebro produz substâncias naturais muitíssimo parecidas com os canabinoides encontrados na maconha.
Sim, nós temos uma ligação muito especial com esse vegetalzinho.
Para explicar o que já sabemos sobre o sistema endocanabinoide, sua ação no corpo humano (mas não só nele!) e seus principais componentes, trouxemos esse post quentinho e bem explicativo. É papo de nerd, mas a gente sabe que vocês vão gostar.
Vem com a gente!
O que é o sistema endocanabinoide (ECS)?
Descoberto nos anos 1990 na Universidade Hebraica em Jerusalém pelo Dr. Lumir Hanus e o pesquisador americano Dr. William Devane, o sistema endocanabinoide é um sistema neuromodulador generalizado – que envolve uma combinação de:
- Endocanabinoides;
- Enzimas;
- E receptores canabinoides.
De acordo com o que já sabemos, ele controla diversas funções do nosso corpo. E quer uma curiosidade? Foi uma mulher, a Dra. Lisa Matsuda, a primeira a publicar a existência do receptor canabinoide CB1! Ainda hoje, a ciência busca entender mais profundamente a importância desse sistema que todos nós temos.
Vamos entender melhor os componentes desse sistema?
O que são os endocanabinoides?
Endocanabinoides são canabinoides endógenos, ou seja, canabinoides produzidos pelo nosso próprio corpinho. Chique, não? Para aprofundar um pouquinho mais, eles são neurotransmissores à base de lipídios que ocorrem naturalmente no nosso organismo e agem principalmente sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), no Sistema Nervoso Periférico e em nossas células imunes.
- Os neurotransmissores, como vocês podem lembrar das aulas de biologia, são mensageiros químicos no corpo que enviam sinais entre as células nervosas.
Como já mencionamos, os endocanabinoides ajudam em várias funções corporais. O corpo os produz conforme necessário, o que dificulta saber quais são os níveis típicos.
Por enquanto, os dois principais endocanabinoides identificados são:
- Anandamida (AEA ou araquidonoil etanolamina);
- 2-araquidonilglicerol (2-AG).
Olha que interessante: segundo nossos amigos da Harvard Health Publishing, o primeiro endocanabinoide descoberto foi nomeado anandamida por conta da palavra ananda – que, em sânscrito, significa felicidade. Eles ainda descrevem que “todos nós temos pequenas moléculas semelhantes à cannabis flutuando em nossos cérebros”, e que a maconha (que o ser humano usa há mais de 5 mil anos) basicamente “hakeia” esse antigo sistema para funcionar no nosso organismo. Louco demais, certo?
Especialistas acreditam que existem endocanabinoides adicionais no corpo, mas seus papéis e funções ainda não são conhecidos. Aguardamos ansiosamente por essas descobertas adicionais!
E como funcionam os receptores endocanabinoides?
Os receptores de canabinoides são outra parte essencial do nosso ECS – inclusive, foram descobertos antes dos endocanabinoides, enquanto se estudava a ação do THC! Eles estão na superfície das células em todo o corpo. Basicamente, os endocanabinoides se ligam aos receptores, que enviam uma mensagem ao ECS para iniciar uma resposta, que vai variar dependendo de onde estão.
Os dois receptores canabinoides primários, que são proteínas, estão presentes em todo o corpo:
- O CB1 está presente principalmente no sistema nervoso central (SNC), ou seja, no cérebro e na medula espinhal.
- Já o CB2 está presente principalmente no sistema nervoso periférico (SNP) e nas células imunes.
Os endocanabinoides podem se ligar a qualquer tipo de receptor, causando resultados diferentes dependendo da localização do receptor no corpo.
Por exemplo, os endocanabinoides podem ter como alvo os receptores CB1 em um nervo espinhal para aliviar a dor ou se ligar a um receptor CB2 em uma célula imune, o que sinaliza que o corpo está passando por inflamação.
E onde entram as tais enzimas?
As enzimas são responsáveis por quebrar os endocanabinoides depois de realizarem a resposta necessária. As duas principais são:
- Ácido graxo amida hidrolase (ou FAAH), que decompõe AEA;
- Lipase ácida de monoacilglicerol, que decompõe 2-AG.
E olha só que interessante: a razão pela qual a anandamida não nos deixa chapados e o THC sim está justamente na FAAH. Ela funciona rapidamente naqueles canabinoides que seu corpo cria, mas não pode quebrar o THC. Isso significa que o THC permanece por muito mais tempo e, portanto, tem um efeito muito maior.
Outra coisa muito incrível é que o cacau (sim, o cacau!) conta com compostos que inibem a ação da FAAH. Por isso, ficamos mais felizes (ou mais chapados) por mais tempo: ele aumenta a concentração de anandamida no nosso corpo e, da mesma forma, retarda a quebra do THC. Aqui, a gente explica essa ação e a de outras plantas que engajam com nosso sistema endocanabinoide.
As funções do sistema endocanabinoide no seu corpo
Os pesquisadores ainda não entendem completamente o papel dos canabinoides, mas sugerem que uma das principais contribuições do ECS no nosso corpinho é a homeostase.
“Eita, meninas! Que palavra é essa?”
Calma, a gente explica: a homeostase é basicamente a manutenção da estabilidade, ou condições ideais, dentro do corpo para promover o funcionamento adequado. Por exemplo, o corpo mantém a homeostase para controlar a temperatura, o nível de açúcar no sangue e o apetite. Cientistas acreditam que, quando eles saem do normal, é o ECS quem toma as rédeas e ajuda o corpo a retornar ao estado ideal.
Pesquisas ainda apontam que o seu sistema endocanabinoide pode ajudar a regular funções como:
- apetite e digestão;
- sono;
- dor;
- funções reprodutivas;
- inflamação e outras respostas imunes;
- humor;
- metabolismo;
- aprendizado e memória.
Quando algo está fora de balanço, nosso corpo ativa o ECS com precisão para que ele afete apenas o necessário. Então, uma vez que os endocanabinoides fizeram seu trabalho e trouxeram as coisas ao equilíbrio, as enzimas aparecem para quebrá-los e impedi-los de ir longe demais e perturbar qualquer outra função. É uma resposta precisa como um reloginho.
E, como você poderia imaginar, já que a cannabis estimula a atividade do ECS, ela é usada para tratar muitos dos desequilíbrios na nossa homeostase. Você deve lembrar: como já falamos aqui no blog, nossa plantinha mágica é pesquisada por seus efeitos contra dores crônicas, problemas relacionados ao sistema reprodutor, falta de apetite, ansiedade e depressão, e até mesmo questões relacionadas à saúde cerebral, como Alzheimer e Parkinson.
Lindo isso!
Deficiência de endocanabinoides?
Sim, ela é real – e pode causar problemas!
À medida que a ciência foi descobrindo mais e mais sobre o ECS, também descobriu algumas condições que podem estar relacionadas à desregulação desse sistema tão importante. A isso deram o nome deficiência endocanabinoide clínica (CECD). CECD não é uma doença em si, e sim um termo abrangente que engloba diferentes condições com essa característica comum.
Há evidências de que o CECD pode causar:
- Fibromialgia;
- Enxaqueca;
- Síndrome do intestino irritável.
Esses problemas normalmente afetam mais de um sistema, o que faz bastante sentido se você observar as áreas e funções do corpo influenciadas pelo ECS. Usando a fibromialgia como exemplo, vemos que ela envolve o sistema nervoso central e periférico, o sistema imunológico, o sistema endócrino e até o sistema digestivo.
As condições ainda tendem a ser resistentes à maioria dos tratamentos convencionais, e, por isso, pesquisadores estão procurando as respostas nela: a famosíssima cannabis.
Não são só humanos que tem um sistema endocanabinoide!
A gente conta tudo isso no nosso post sobre como pets podem ser beneficiados por tratamentos com cannabis – mas vamos resumir:
- Os receptores endocanabinoides CB1 e CB2 já foram identificados em ratos, cães, gatos, aves, cavalos, macacos, porcos e vários outros animais.
- Uma variação interespécies na localização anatômica dos receptores CB1 é observada em cães. Os cães, em particular, têm uma densidade maior de receptores CB1 em seu cerebelo em comparação com qualquer outra espécie estudada.
- Os receptores CB2 são encontrados com menos frequência no sistema nervoso central, mas estão altamente concentrados no sistema nervoso periférico e no sistema imunológico, onde desempenham um papel na inflamação e na regulação da dor.
- É por causa desse sistema que os animais, assim como nós, podem ser tratados com fitocanabinoides – ou seja, os canabinoides, como CBD e THC, encontrados na nossa amada plantinha!
O que mais já foi descoberto?
Estudos realizados com THC mostraram que ele se liga mais aos receptores CB1, e é aí que ele produz os efeitos psicoativos e intoxicantes da chapadeira. Por outro lado, o CBD, em vez de interagir com um ou outro receptor, interage com o ECS como um todo – estimulando a produção de mais endocanabinoides e mantendo nosso corpo saudável.
Além disso, precisamos sempre lembrar do Efeito Entourage: todos os canabinoides, terpenos e terpenoides estão na nossa plantinha por um motivo, e ajudam a exaltar seus lados positivos e minimizar os negativos. Por isso, acreditamos que a medicina full-spectrum seja uma das mais interessantes para tratar todos os desequilíbrios no sistema endocanabinoide e suas funções!
E aí, curtiu saber de tudo isso? Conforme as pesquisas vão avançando, vamos aprendendo mais e mais – e compartilhando com vocês! Se tiver alguma dúvida ou comentário, é só deixar aqui embaixo. E não esquece de nos seguir lá no Instagram @girlsingreen710 para estar sempre por dentro das novidades quentinhas que rolam por aqui.
Até a próxima!
Excelente artigo, obrigada!