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Coloração do haxixe: Isso indica qualidade?

Extrações sem solvente podem assumir diversas formas, texturas e colorações. Mas isso nem sempre implica algo negativo sobre a sua qualidade! Aqui, vamos explicar essas variações em diferentes tipos de concentrados.

Haxixe, extração, concentrado: todas essas palavras se referem ao produto da separação de tricomas da maconha. Eles são queridinhos de muitos no universo canábico por entregar uma experiência completamente diferente – o hash geralmente é mais forte, variando em concentrações de 20% a 60% de THC, princípio ativo da cannabis responsável pela chapadeira. Extrações modernas podem chegar a até 90%!

As extrações podem variar muito de acordo com a maneira que são feitas. Podemos dividir primeiramente entre os concentrados feitos com solvente, como o BHO, ou os feitos sem solvente, que incluem o charas, o dry sift, o bubble hash (ou ice water hash, ice-o-lator, water hash), rosin de flor ou de haxixe. Essas variações de formatos trazem texturas e colorações distintas – que podem ou não indicar algo sobre sua qualidade.

Entretanto, precisamos deixar bem destacado aqui que um haxixe mais escuro não tem necessariamente menos qualidade do que um haxixe branquinho. Esse é um grande mito no meio da galera da crema! Não se julga um livro pela capa, e definitivamente não devemos julgar um hash apenas pela sua cor.

Vamos falar um pouco mais sobre as cores mais comuns nos haxixes sem solvente e o que elas indicam? Venham com a gente.

haxixe sem solvente do mercado legalizado com cristais e fundo colorido
haxixe sem solvente do mercado legalizado

O que faz um concentrado de qualidade?

Como já falamos, os concentrados de cannabis são produtos altamente condensados produzidos a partir da separação dos tricomas da planta. Neles, temos a maior concentração de princípios ativos da nossa plantinha favorita, e um concentrado de qualidade contém apenas os componentes desejados, como THC, CBD, outros canabinoides, terpenos e terpenoides.

 

ice water hash
bubble hash

Concentrados de qualidade inferior também contêm componentes indesejáveis como gorduras, ceras, contaminantes estranhos e excesso de solventes residuais.

Com o aumento da variedade de processos de fabricação, essa miríade de texturas, cores, aromas e identificadores de qualidade tornou-se cada vez mais complexa. Na maioria das vezes, essa diferença nas cores vai indicar apenas um processo diferente de extração, mas é claro que precisamos ficar atentos e atentas a alguns sinais de contaminação.

Quais as cores mais comuns de um concentrado?

Os concentrados variam em cor, desde o quase transparente, passando pelo amarelo intenso até o preto absoluto.

Os mais escuros dos concentrados são feitos para ingestão oral, supositórios ou usados topicamente. Tudo o que é verde ou preto não é adequado como material de fumar de qualidade. Para fumar, as cores desejadas variam do amarelo ao marrom escuro e a clareza do claro ao quase opaco.

A gente vê por aí muita gente que se diz “especialista em concentrados” rejeitando certos tipos de haxixe observando apenas a cor. Isso não é apenas errado ou uma grande bobagem, mas claramente impossível. Até mesmo a clareza de um concentrado pode ser enganosa. Por exemplo, quando falamos sobre extrações com solvente, uma cor clara pode indicar a falta de purga adequada, enquanto a purga adequada pode e escurece um concentrado, tornando-o mais opaco do que transparente – especialmente no caso da extração com álcool.

Então, o que a cor nos diz? A verdade é que muito pouco por conta própria. A cor é afetada por muitos fatores, desde o crescimento da plantinha usada para fabricar o concentrado, passando pela colheita, até seus processos finais de extração, armazenamento e cura. Uma grande influência é quanto tempo após a colheita a cannabis foi usada para a extração:

  • Tricomas frescos, como na resina viva e no fresh frozen, inevitavelmente dão origem a concentrados com cor muito mais clara.

  • No entanto, se a cannabis usada em uma resina viva não tiver crescido bem e os tricomas não amadurecerem bem, ela ainda terá uma cor muito clara e uma aparência bonita mesmo sem o mínimo de qualidade, enquanto um concentrado mais escuro produzido a partir de um material cultivado e curado por um mestre será mais escuro e amplamente superior.

No caso das nossas amadas extrações sem solvente, as cores podem indicar processos naturais, como a oxidação e a maturação dos tricomas, ou contaminantes.

Trança de haxixe sem solvente
Trança deliciosa de haxixe sem solvente

O que é a oxidação?

Com o tempo, todo o hash oxida como resultado de mudanças químicas com a introdução de oxigênio. A oxidação dá ao hash um tom mais escuro, e ela nem sempre é ruim, mas requer alguns cuidados. Esse processo e a degradação andam de mãos dadas, e é por isso que os métodos de armazenamento adequados são tão importantes.

Mesmo o hash de alta qualidade armazenado corretamente pode ficar com uma cor mais escura com o tempo.

A idade e os níveis de oxidação do material inicial usado na extração de hash também contribuem para a sua cor. Uma vantagem de usar material fresco congelado (o famoso fresh frozen) é que ele minimiza a quantidade de oxidação que ocorre, em comparação com o uso de flores de cannabis que são penduradas para secar ao ar livre por até duas semanas da maneira tradicional.

  • Quanto mais antigo o material inicial da cannabis, maior a oportunidade de oxidação.

  • A secagem ao ar livre também é um fator de aceleração para esse processo – por isso, o hash seco em um freeze dryer pode sair mais clarinho.

 A oxidação lenta e gradual muda o perfil da extração, transformando o THC em CBN com o passar do tempo e promovendo a evaporação de alguns terpenos. Isso não é necessariamente algo ruim, mas pode ser um problema para quem deseja experimentar uma expressão mais pura e fiel à planta original.

Bolinha de haxixe (bubble hash) sem solvente
Bolinha de haxixe (bubble hash) sem solvente

Cores de um tricoma e sua maturação

A maturação dos tricomas determina quando uma planta de cannabis será colhida.

Ao examinar as cabeças dos tricomas individuais, os cultivadores podem dizer quando essas estruturinhas estão produzindo substâncias terapêuticas em sua capacidade máxima!

Cabeças claras de tricomas ainda estão amadurecendo, cabeças brancas ou leitosas de tricomas estão mostrando sinais de amadurecimento e um tricoma âmbar sinaliza o início da janela ideal para a colheita.

Os tricomas que amadurecem mais completamente antes da colheita parecem mais escuros do que os tricomas mais subdesenvolvidos. Isso tem a ver com o amadurecimento da célula basal dentro do tricoma, que muda de transparente para opaco e completamente âmbar.

Às vezes, um hash fica com a aparência de neve por conta de subdesenvolvidos ou prematuros. Essas cabeças prematuras não têm o mesmo poder que cabeças totalmente maduras, que conferem efeito terapêutico máximo.

Tricomas da cannabis
Tricomas da cannabis fonte: Philosopherseeds

Cores que indicam contaminantes

O maior objetivo na hora de fazer um bom hash é separar esses tricomas de todo o resto do material vegetal. Partículas minúsculas de plantas, qualquer poeira ou detritos são considerados contaminantes. A clorofila é um pigmento vegetal que pode transmitir uma tonalidade esverdeada ao haxixe. Por isso, uma tonalidade esverdeada é um sinal de que contaminantes vegetais estão presentes.

 3 Qualidades do haxixe diferentes com base na coloração
Qualidade do haxixe com base na coloração

Quais as colorações específicas de cada hash?

Agora que já falamos de alguns fatores que podem afetar as cores do hash de uma maneira geral, vamos ser mais específicas para cada tipo:

Colorações do charas

O charas foi a primeira extração canábica feita no mundo – então, nada mais justo do que começar por ele! Bastante comum no Oriente Médio e na Ásia, principalmente na Índia, no Nepal e no Paquistão, ele é feito artesanalmente através da fricção da planta de maconha com as mãos. Seus principais tipos são o Kerala Gold e o Malana Cream, que são as resinas mais caras do mundo!

Um bom charas não tem apenas uma cor específica. Ele pode variar entre o marrom-dourado, o marrom-avermelhado e ter nuances mais claras ou mais escuras. Mas ele nunca é completamente preto.

Colorações do dry sift

Também conhecido como kief, o dry sift é um concentrado de cannabis livre de produtos químicos e água, criado a partir do ato de peneirar o material vegetal por meio de uma série de telas. Essa peneiração a seco é bem comum em países como o Marrocos e o Afeganistão. A principal marca do dry sift é sua textura macia, que faz com que ele pareça com um punhadinho de areia.

Normalmente, o dry é feito a partir de plantas colhidas ao ar livre, que passam por um processo de secagem e depois são peneiradas. Ele pode ter mais ou menos contaminantes, alterando sua coloração – que é dourada quando extraído, e normalmente marrom quando seco e prensado em bolas. Quando é de boa qualidade, seu exterior será marrom-escuro, mas seu interior será mais claro. Isso acontece devido à oxidação que ocorre somente na resina que está em contato com o ar, mantendo seu interior preservado.

Colorações do bubble hash

O nosso queridinho bubble hash, ice water hash, haxixe de água e gelo, ice-o-lator ou simplesmente ice para os mais chegados também pode ter cores bem diferentes. Ele é o resultado da separação de tricomas dos buds ou trim apenas utilizando gelo, água e bolsas de filtragem. Essa forma é conhecida como uma das mais eficazes para se preservar os terpenos e conseguir extrair um haxixe com um sabor sensacional.

Ele pode apresentar colorações bem claras quando feito a partir do fresh frozen e seco com um freeze dryer, variando entre o amarelo bem claro, quase branco, e o dourado. Já o bubble hash tradicional, feito com plantas secas e seco ao ar livre, pode ficar marrom por conta da oxidação dos tricomas.

Se é você que está fazendo o hash, a dica é prestar atenção na cor da água durante as lavadas. Água verde é sinal de contaminação vegetal! Se sua planta é mais roxinha, a água pode até assumir uma aparência de vinho – isso acontece por conta da presença de antocianinas, e explicamos isso melhor por aqui.

Colorações do rosin

O rosin é um tipo de concentrado feito a partir das plantas fêmeas de cannabis através de um processo de extração que utiliza uma combinação de calor e pressão para “espremer” quase instantaneamente a seiva resinosa de seu material de origem – que pode ser flor, hash ou até mesmo kief.

O resultado é um produto translúcido, com aspecto de mel e, às vezes, mais endurecido. Normalmente, o rosin de qualidade tem uma cor amarelo-dourada, com boa transparência e brilho. Basicamente, existem três principais fatores que podem alterar ou afetar a coloração de um rosin:

  • Qualidade do material;

  • Frescor do material;

  • Temperatura de prensagem.

Quanto mais fresco o material e mais baixas as temperaturas de prensagem, mais claro o rosin vai sair. Com materiais curados e temperaturas altas, esse concentrado vai ficando mais escuro.

E aí, deu para entender um pouco melhor os motivos pelos quais acreditamos que a cor não indica necessariamente a qualidade? Não sendo verde ou preto, o concentrado tem potencial de ser muito bom – é só você dar uma chance para ele com todos os cuidados da Redução de Danos.

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Até a próxima!

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