Como a planta pode ajudar a amenizar sintomas de doenças neurodegenerativas ou demência? A ciência tem investigado a importância do sistema endocanabinoide em relação a isso, e a gente vai te mostrar mais aqui!
As doenças neurodegenerativas são extremamente presentes em nosso redor. Acreditamos que À medida que o cérebro envelhece, vários os fatores podem levar ao desenvolvimento de algum tipo de demência – desde a genética até os nossos próprios hábitos. Nem sempre é possível dizer o que levou a ela a aparecer, e não encontra-se cura com os tratamentos disponíveis atualmente, apenas o alívio e uma desaceleração de seus sintomas.
Foi só há poucos anos que cientistas e pesquisadores começaram a investigar qual o papel do nosso sistema endocanabinoide – nosso próprio receptor de canabinoides – no desenvolvimento desses transtornos. Estudos demonstram também o sucesso de tratamentos à base da erva para pacientes, melhorando sua qualidade de vida de várias formas.
No nosso quarto texto da série Cannabis Medicinal e Terapêutica, vamos mostrar mais sobre essas incríveis descobertas, que podem trazer benefícios para mais de 50 milhões de pessoas no mundo.
Aviso importante: toda possibilidade de uso da cannabis como medicamento deve ser analisada por um especialista que acompanha o histórico de cada paciente. Esse post não é uma recomendação para a automedicação com a cannabis de qualquer forma. Caso acredite que ela pode beneficiar seu quadro, converse com seu médico.

Qual a diferença entre Alzheimer, Parkinson e demência?
Tem quem ache que Parkinson e Alzheimer são doenças parecidas. E claro, elas têm suas semelhanças:
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Ambas atingem, na maioria dos casos, pessoas acima de 50 anos.
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Ambas afetam o sistema nervoso central.
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E, tanto Parkinson como Alzheimer são doenças neurodegenerativas, progressivas e sem cura.
Entretanto, existe uma diferença primordial entre as duas: enquanto o Alzheimer se relaciona à perda de funções cognitivas, o Parkinson afeta as funções motoras do indivíduo.
Já demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um vasto grupo de doenças que provocam o declínio progressivo no funcionamento da pessoa. Quem tem Alzheimer tem um tipo de demência; enquanto pacientes que possuem Parkinson não necessariamente desenvolverão a demência.

Os principais sintomas do Alzheimer são:
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Perda de memória;
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Dificuldade em planejar ou resolver problemas;
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Dificuldade em executar tarefas familiares;
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Perda da noção de tempo e desorientação;
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Dificuldade em perceber imagens visuais e relações espaciais;
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Problemas de linguagem;
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Trocar o lugar das coisas;
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Discernimento fraco ou diminuído;
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Afastamento do trabalho e da vida social;
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Alterações de humor e personalidade.
Já no Parkinson, os principais sintomas são:
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Tremores involuntários em situação de repouso;
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Rigidez muscular;
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Lentidão de movimentos;
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Passos mais lentos e arrastados;
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Perda das expressões faciais;
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Depressão;
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Dores musculares constantes;
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Constipação.
Todas essas condições são provocadas por um motivo em comum: o envelhecimento (precoce ou não) do tecido cerebral, que ocasiona a morte de neurônios e perda de sinapses. Enquanto no Parkinson as mais afetadas são células que produzem uma substância química denominada por dopamina, que facilita a coordenação dos músculos corporais e do movimento, o Alzheimer gera perda neuronal cortical. Além disso, a região mais afetada é o córtex entorrinal do lobo temporal medial e o hipocampo – relacionados a, entre outras coisas, memórias.
E qual a relação disso com o sistema endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide governa a maioria dos sistemas fisiológicos do corpo, particularmente o sistema nervoso, onde ajuda a trazer o equilíbrio que permite que as células nervosas individuais se comuniquem. Foi demonstrado que, de certa forma, o sistema endocanabinoide é interrompido em pacientes que sofrem de Parkinson e Alzheimer.
Nesse momento, nos melhores casos, temos opções farmacológicas que retardam a degeneração das células e o funcionamento do cérebro. No entanto, um estudo recente sugere que a microdosagem de THC, o canabinoide ativo mais conhecido da cannabis, pode reverter o processo de envelhecimento do cérebro.
Nesse caso, o sistema endocanabinoide parece desempenhar um papel importante nas mudanças na função cerebral à medida que envelhecemos, e adicionar baixas doses de THC regularmente pode ser um tratamento eficaz para o Alzheimer e a demência.

Como a cannabis pode ajudar efetivamente
A ciência segue investigando em quais maneiras a cannabis pode ajudar efetivamente os pacientes de doenças neurodegenerativa – mas algumas pesquisas já dão sinais claros de que ela é responsável por melhoras.
Na doença de Parkinson, os sintomas incluem tremor, rigidez muscular, instabilidade e impedimento de movimento (tanto movimento lento quanto parada abrupta no meio do movimento). O medicamento mais eficaz para tratar a doença de Parkinson, a levodopa (L-Dopa, Larodopa, Dopar), tem muitos inconvenientes, então os médicos tendem a reservá-la para pacientes com deficiência funcional. Após vários anos de uso, a levodopa tende a passar rapidamente após cada dose, de modo que os pacientes alternam constantemente as fases de mobilidade e incapacidade. Os efeitos colaterais adicionais incluem náusea, alucinações e confusão. Os pesquisadores também suspeitam que, embora a levodopa melhore dramaticamente todos os sinais e sintomas da doença de Parkinson, seu uso pode acelerar o progresso da doença.
Como atuam nas mesmas vias neurológicas que a doença de Parkinson interrompe, os canabinoides poderiam, em teoria, ser úteis no tratamento do distúrbio. Os receptores endocanabinóides existem em todo o sistema nervoso e estão documentados para influenciar os receptores que afetam uma ampla variedade de áreas. Segundo estudo, aspectos neuroprotetores podem ser induzidos pela exposição à cannabis, que pode render benefícios contra a degeneração nigroestriatal de pacientes com doença de Parkinson. Nele, foi demonstrado que a planta atenua os sinais e sintomas motores e não motores da doença.
Já no caso do Alzheimer, foi demonstrado que o THC e o CBD interferem na produção de matéria tóxica anormal no cérebro dos pacientes. Isso é muito empolgante, uma vez que as drogas sintéticas destinadas a fins semelhantes ainda não foram aprovadas em testes clínicos.
Tanto o THC quanto o CBD são conhecidos agentes neuroprotetores, que têm o potencial de desacelerar (ou até interromper) o processo degenerativo das células. No que diz respeito aos sintomas, o THC como agente único tem se mostrado benéfico em pacientes com Alzheimer, por reduzir a agitação noturna e melhorar o sono e o apetite. A observação de pacientes em lares de idosos na Califórnia também encontrou benefícios semelhantes.
Existem vários produtos farmacêuticos aprovados para tratar a perda de memória no Alzheimer, mas todos eles têm benefícios leves, e apenas temporariamente. Todos são projetados para aumentar a quantidade de acetilcolina, uma substância química envolvida na transmissão dos impulsos nervosos e que se esgota nos pacientes com Alzheimer. Curiosamente, o terpeno alfa-Pineno é capaz de aumentar os níveis de acetilcolina, inibindo sua degradação com menos efeitos colaterais do que os medicamentos convencionais.
Mas e aquele papo de que cannabis mata neurônios?
Bom, isso é um grande mito criado ao redor da planta – mais uma propaganda do proibicionismo. A verdade é que existem milhares de coisas que matam nossos neurônios – até mesmo álcool e nicotina, que são neurotóxicos. A cannabis nunca foi apontada exatamente como agente ativo na morte de neurônios. O que já foi comprovado é que ela afeta a memória a curto prazo, mas não oferece nenhum risco na memória a longo prazo. Pelo menos para usuários adultos.
Há pesquisas com usuários “pesados” e antigos, aqueles que fumam vários baseados por dia há mais de 15 anos, que mostraram que eles se saem um pouco pior em alguns testes, principalmente nos de memória e atenção. Mesmo assim, as diferenças são leves. Na comparação com o álcool, a planta leva vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.
Mas também existem fatores que auxiliam o cérebro a aumentar a neuroplasticidade – sua capacidade de dar origem a novos neurônios saudáveis – e a barrar o envelhecimento neural.
As evidências sugerem que baixas doses de canabinoides podem ajudar a prevenir ou reverter alguns dos efeitos do envelhecimento do cérebro, ao mesmo tempo que diminui a inflamação, melhora a cognição e ajuda a controlar a dor crônica. Se as descobertas puderem ser replicadas em grandes estudos humanos, podemos estar mais perto de encontrar um tratamento para a demência que possa interromper ou reverter os sintomas.
Mas como conseguir a medicação no Brasil?
Seja qual for o transtorno ou distúrbio: quando há desejo de fazer um tratamento com derivados da cannabis de maneira 100% legal, é necessário entrar com um pedido de autorização. Desde 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite a importação de medicamentos contendo canabinoides, e você pode revisar o processo aqui nesse post.
Quem desejar, ainda pode entender se o autocultivo é uma opção válida para sua realidade. Aqui no blog, nós já falamos muito sobre razões para adotar o autocultivo, e até tiramos as dúvidas sobre o tema com as advogadas da Rede Reforma. Se, para você, essa alternativa soar melhor, você pode entrar em contato com um advogado de confiança e entrar com pedido de Habeas Corpus individual para se proteger perante à lei.
A prevenção ainda é o melhor remédio
Embora tenhamos fatores genéticos envolvidos ao desenvolvimento de Parkinson e/ou Alzheimer, promover hábitos mais saudáveis é um dos principais meios de manter o cérebro funcionando bem – e evitar o envelhecimento precoce.
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Uma alimentação mais equilibrada, rica em antioxidantes, pode ser um ótimo caminho para quem tem casos de doenças degenerativas na família.
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Uma rotina de exercícios físicos também ajuda no bom funcionamento cerebral.
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Descobrir novos hobbies é um dos melhores jeitos de fortalecer as redes e conexões neurais. Esteja sempre pronto para experimentar!
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Se você apresentar um ou mais sintomas, consulte um neurologista ou médico de confiança.
Interessante como muitos acreditávamos que a cannabis causava grandes perdas de memórias, mas na verdade ela é uma grande ferramenta para a sua proteção – basta ser utilizada com consciência e cautela. Esse é o maior problema do proibicionismo: acabamos com pouca informação de qualidade, dificuldade nas pesquisas e nenhum tipo de controle de qualidade ao que é oferecido ao cidadão. A não ser, é claro, que se tenha dinheiro o bastante para importar medicações.
Mas estamos aqui justamente para isso: ser uma fonte de informação, com dados científicos concretos e as maiores novidades nas pesquisas. É o primeiro passo para a discussão da regulamentação seja mais inclusiva e democrática!
E você, gostou desse texto? Em caso de dúvidas, deixa um comentário aqui pra gente! Até a próxima!
Olá! parabéns pelo site!
podem passar a referência da matéria?
Grata.
Todas as partes em laranja sublinhadas da matéria são links que você pode clicar e ir direto para os estudos!
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