O processo de gerar uma vida é mágico, intenso, único. Ser mãe pode ser uma das transformações mais profundas na vida de uma pessoa. Nós fizemos uma coleta de experiências de mamães canábicas junto com a leitura das pesquisas existentes sobre o tema e trouxemos esse resultado para vocês! Vem aqui com a gente!
O processo de gerar uma vida é mágico, intenso, único. Ser mãe* é uma das transformações mais profundas na vida de uma pessoa, e, como toda transformação, ela traz consigo dúvidas, aflições, mudanças de hábitos, pensamentos e inclusive valores.
A cannabis é um tema ainda mais complexo, já que não há estudos o suficiente sobre as consequências do uso da maconha, ou mesmo de óleos de CBD, durante a gestação e amamentação. Além da questão quantitativa, os estudos feitos sobre o tema são muito inexpressivos.
O número de participantes é baixo, não é o suficiente para um valor científico tão bom. Além disso, algumas usuárias não falam abertamente e com sinceridade sobre o uso da maconha na gravidez. Outro fator que dificulta a precisão dos estudos é que o uso da cannabis na gravidez normalmente vem associado com o tabaco, álcool ou outras drogas, e é difícil analisar a cannabis isoladamente.
Como as pesquisas não são suficientes, nós conversamos com algumas mães, que faziam ou fazem uso de cannabis recreativa ou medicinal, e também com uma médica. Queremos compartilhar com vocês um pouquinho do que ouvimos sobre a relação delas com a maternidade para, de alguma forma, empoderar vocês, leitoras, a fazerem uma escolha consciente.
Vamos contar sobre que mudou na gravidez, como foi para elas a questão de interromper ou não o uso, como foi lidar com a ansiedade e todo o processo de escolhas, equilibrando a liberdade com a saúde do bebê.
*Esse texto é um apanhado de informações sobre a maternidade de mulheres cis e seu envolvimento com a cannabis, mas o corpo feminino também é um corpo de mulher trans. Entretanto, é importante dizer que não existem estudos que olhem pra sexualidade de pessoas trans relacionadas a este tema até o momento.
GRAVIDEZ ~ PLANEJAMENTO
Segundo uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, que ouviu 24 mil mulheres entre 2011 e 2012, 55% das gestações no Brasil não são planejadas. Entre os motivos estão desinformação, barreiras religiosas e, principalmente, falta de material na busca de contraceptivos do SUS. Sabemos que nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, mas é essencial para evitar uma gravidez, e, infelizmente, não é uma garantia para todas as mulheres brasileiras.
A falta de planejamento na gravidez tem impactos na saúde mental da mulher, e também na questão da mudança dos hábitos. Quando há um planejamento, é possível fazer mudanças graduais nos hábitos e na forma de viver – mas e quando a notícia da gravidez surge como uma surpresa?
Raquel*, 26, estudante de Psicologia e mãe em tempo integral, conta como foi uma surpresa descobrir que estava grávida. “A minha gravidez não foi planejada. Na verdade, até onde eu sabia, segundo a minha médica, eu não poderia engravidar sem ter um acompanhamento pra isso”. Na época em que Raquel engravidou, ela estava passando por um momento bem delicado com seu ex parceiro e, por conta da ansiedade, estava fumando mais que o normal. “Eu sempre gostei muito de beber, e sempre tive uma relação muito amistosa com droga, principalmente com hash. No momento em que eu descobri que estava esperando o Felipe*, meu cérebro travou na hora nessas questões.”
Para a Gabi*, 28, Doula, a gravidez também foi uma surpresa. “Foi engraçado, porque quando eu descobri que estava grávida, eu estava sentada no escadão da Roosevelt fumando um baseado, alguns cigarros de tabaco e tomando cerveja, era carnaval. Desde desse momento, eu parei com todas as substâncias.”
“As decisões finais sempre são de Deus. A gente tem nosso livre-arbítrio, mas a gente não manda nada em nossas vidas”, é assim que Júlia*, 31, jornalista ambiental, encarou a surpresa que foi descobrir a gravidez, hoje com 39 semanas, mesmo após usar pílula do dia seguinte. “Apesar de ser um sonho de uma vida inteira, eu não tinha planejado a gestação para esse momento.”
Fabi*, 38, empresária da marca Black Trunk, também fazia uso de pílula anticoncepcional quando engravidou pela segunda vez. “A primeira gravidez foi planejada, já estávamos casados. Na segunda gravidez eu estava tomando anticoncepcional. Foi uma surpresa, mas trouxe também muita alegria.”
Para Ari, 28, analista de marketing “foi um baque muito grande” descobrir que estava grávida. Ari tinha 23 anos quando engravidou, e ela conta que o processo para aceitar e assimilar tudo que estava acontecendo demorou um tempo. “Como eu não sabia que estava grávida, fui viajar com uns amigos e acabei usando outras substâncias além da cannabis – usei também MDMA, álcool e tabaco.”
Bella, 22, fotógrafa, nos relata que engravidou com 19 anos de idade. Sua primeira relação foi “de choque… Uma mistura complexa de sentimentos de felicidade, medo e tristeza”. E, assim como Ari, como não sabia que estava grávida, também usou substâncias no começo da gravidez, como álcool, LSD e maconha.
Uma olhar clínico sobre o assunto
Alice Weber, 27, médica da atenção primária do SUS na UBS de São Paulo, comenta sobre os estudos relacionados à cannabis na gestação e os relaciona com a sua experiência dentro do tema. “Não sabemos se existe uma quantidade limite para um uso seguro de cannabis, sabemos que os efeitos podem ser mais prejudiciais quando o consumo é feito em doses altas, mas não é certeza que consumir pouco também não pode ser prejudicial.”
O uso de cannabis na gravidez pode também estar associado com o uso de outras substâncias, como o álcool e o tabaco. Tais fatores tornam ainda mais difícil chegar em uma conclusão sobre os efeitos da cannabis na gravidez. O assunto é desafiador, e o uso de substâncias na gravidez é um grande tabu, podendo afastar algumas mulheres dessa esfera de cuidado.
Segundo Alice, os problemas mais observados em estudos sobre cannabis e gestação que tiveram necessidade de UTI neonatal foi o baixo peso, abaixo de 2,5g, e complicações respiratórias. “O risco do baixo peso está bem claro”, reforça a médica. Nas mães, o risco do desenvolvimento de anemia está associado ao uso de maconha na gravidez. Outra questão importante que a médica ressaltou é uma hipótese de que a cannabis pode interferir na formação do sistema endocannabinoide. “Alguns estudos, que mostraram alteração no sistema neurológico, como depressão, sugerem que essas alterações podem estar associados a influência da cannabis no sistema endocannabinoide.”
“O CB1 regula a implantação do blastocisto, que seria o início do embrião. A partir desses receptores, o embrião forma o sistema nervoso”, explica a médica, que nos coloca diante dos efeitos a longo prazo do uso da cannabis durante a gestação. Em decorrência dessa alteração no sistema nervoso, a criança pode ter dificuldade de interação social, além de ser mais propícia a depressão e ansiedade.
Alice também traz dados sobre o número de mulheres grávidas que passaram a entender que uso de cannabis não trazia risco na gravidez. Dentre as mulheres que não usaram cannabis, esse aumento foi de 3,5% para 16,5%. Em relação às mulheres que usaram cannabis, esse aumento foi de 25,8% para 65,4%. “Eu acho interessante esses dados para a gente observar como essas mulheres consideram o uso da cannabis na gestação. Esse uso, na verdade, está muito associado com a questão da ansiedade e da dor.”
Um estudo feito pelo Journal of the American Medical Association” (JAMA) de 2017 analisou os dados contidos no Ontario Better Outcomes Registry & Network e concluiu que o uso de cannabis na gravidez aumenta o risco de parto e descolamento de placenta prematuros. Já outro estudo, feito pela Dra. Melanie Dreher, Prenatal Marijuana Exposure and Neonatal Outcames in Jamaica: An Enthnographic Study, publicado em 1992, tem conclusões diferentes.
Segundo o estudo jamaicano, crianças cujas mães usaram maconha demonstraram melhor estabilidade física com um mês de vida e revelaram ter mais qualidade de atenção. Em 5 anos de acompanhamento, seus sistemas motor e autônomo eram mais fortes e elas eram menos irritáveis.
Assim como na gravidez, o risco do uso da cannabis durante a amamentação também existe, pois a concentração de THC no leite é maior do que no sangue. Algumas pesquisas sugerem que o uso da maconha durante o primeiro mês da amamentação pode causar impedimentos no desenvolvimento motriz (controle dos movimentos dos músculos) do bebê.
O início do processo da maternidade
Uma vez que cada mulher recebe a notícia da gravidez, ela já se torna mãe, ou inicia o processo da maternidade. Cada ser é único e encara esse processo de uma forma em suas diversas esferas. Em relação a substâncias psicoativas, há um senso quase comum entre médicos, pesquisadores e a sociedade, de que elas não devem ser usadas e pronto.
Por outro lado, pouco se discute sobre o uso de medicamentos da medicina contemporânea, como remédios para enjoo, e como isso reage na gestação, ou sobre a liberdade individual das mulheres e até que ponto a decisão do uso de substância cabe à mãe ou à sociedade.
Muitas mães, como a Raquel, relataram um mal-estar relacionado a culpa ao fazerem uso de substâncias. “Foi uma coisa psicológica muito louca, porque mesmo eu estando acostumada a fumar vários baseados por dia, quando fumava um já me sentia super pesada, uma brisa meio errada. Me achei egoísta por pensar no meu vício e não pensar no meu filho”.
Depois desse sentimento negativo e das questões internas que o uso de cannabis provocaram, Raquel decidiu suspender o uso. “O que mais me incomodava era a questão da fumaça, porque se a gente que reduz os danos ao máximo, ainda não está livre de todos os riscos, imagina o que poderia causar para um feto dentro de mim?”. A estudante ficou sem fumar até seu bebê completar dois meses.
Outras mães, como a Júlia, tiveram outra percepção do uso da maconha. Júlia descobriu a gravidez com 5 semanas e começou a focar na saúde desde do começo. “Quando descobri que estava grávida, fazia uso de cannabis principalmente pela noite. Eu acendo um baseado e fico ali, no meu momento reflexivo, naquela introspecção e meditação que a cannabis promove para a gente. Como descobri bem no comecinho, eu parei sim de fumar a erva, pensei que a combustão da fumaça poderia ser prejudicial para o bebê, então fiquei sem usar erva até o terceiro mês. O que são alguns meses comparado com uma vida toda?”
Júlia define sua relação com a maconha como consciente. Parar de fumar durante os meses que ela julgou necessário foi tranquilo. “Uso a maconha justamente para me trazer mais consciência e auto reflexão. Isso tudo não combina com o vício.” Depois do quarto mês, a jornalista voltou a usar a cannabis em poucas quantidades e esporadicamente.
“Depois de estudar sobre o tema e conversar com outras mães, cheguei à conclusão que não tinha problema fazer uso moderado, sem exagero. Fui fazendo um trabalho inteiro para não ficar grilada e tive muito apoio do meu marido.” A gravidez não alterou a relação da Júlia com a cannabis, pois “há um propósito maior e não só ter um barato”.
Fabi, que além de maconha fumava cigarro, nos conta que na primeira gravidez parou o cigarro, mas foi um período muito difícil. “Quase enlouqueci, sentia uma tristeza tão grande, parecia um luto. Suportei porque sabia que a saúde da minha filha era prioridade”. Já na segunda gravidez, Fabi não conseguiu parar totalmente. “Eu fumava um cigarro por dia, dividido em várias etapas do dia, acendia, fumava um pouquinho e apagava para durar o dia todo”.
Durantes as duas gestações, a empresária fumou maconha moderadamente e contou com muito apoio do marido. “Ele foi maravilhoso nessa fase, compreendendo minhas alterações de humor”.
Bella relata: “antes de engravidar eu fumava muita maconha, mas parei com o uso de todas as drogas quando soube da gravidez e fui pesquisar sobre a cannabis”. No primeiro semestre, ela não usou nenhuma substância, mas depois, quando tinha muita vontade de fumar, ela vaporizava um óleo em uma canetinha, pensando nas estratégias de Redução de Danos.
Saúde mental no processo da maternidade
A questão psicológica pode ser bem complexa nesse momento intenso que é a maternidade, pois não há uma cartilha pré-definida de como ser mãe e como mudar repentinamente todos os seus hábitos. Nenhuma mulher sabe o que vai acontecer consigo mesma e com a criança no decorrer da gestação, parto e pós parto. Um apoio externo é sempre essencial nesse caso. Na maioria das vezes, esse apoio vem do companheiro ou da família, mas ele pode vir também das doulas. “Existem doulas que não são mães, mas estão ali para acolher aquela mulher que vai deixar de ser uma pessoa só e vai ter um outro ser que ela vai precisar cuidar”, conta a Gabi, que resolveu seguir a profissão depois de sofrer violência obstétrica com um episódio de racismo.
“Mas também há muito desse trabalho das doulas que são mães. Às vezes, trocando ideia com algumas gestantes, eu percebo que elas se sentem aliviadas de alguma forma, se sentem acolhidas também. São muitos os tipos de receio e, para nós que já passamos por isso, tem uma similaridade ou outra que possibilita dar um afago, uma dica, uma ajuda”, completou a Gabi.
A relação da Gabi com as substâncias mudou bastante durante a gravidez. Durante todo período, a doula não fumou cigarro e nem consumiu álcool. Fumou maconha com 8 meses e sentiu que bateu muito forte, então não quis fumar até 45 dias após o parto. “Eu não sabia muito sobre amamentação e maconha, então fui instintivamente. Fumava enquanto meu filho dormia, porque ele dormia por bastante tempo, então dava tempo do meu organismo absorver e eu descartar esse leite.” Outra mudança de hábito foi limpar o prensado antes de fumar. “Sabendo que eu não tinha acesso a uma flor, a uma extração, que tenho mais na mão o prensado, tomei o cuidado de passar a limpar antes de consumir”. Esse relato nos leva à aproximação com a redução de danos nesse processo da gravidez combinada com o uso, mesmo que esporádico, de substâncias.
Tati*, 40, ativista canábica foi mãe da primeira filha aos 15 anos. Na época não tinha nenhuma experiência com drogas, inclusive era muito contra. Já na segunda gravidez, aos 20, a ativista já fumava e continuou fumando até o sexto mês. “As pessoas me diziam que não fazia bem ao bebê e comecei a me sentir mal, achando que estava sufocando o bebê com tanta fumaça.” Tati voltou a fumar semanalmente após o parto. Na terceira gravidez, ela optou por ficar sem fumar desde do começo.
Ari parou todas as substâncias, menos a cannabis, logo no início. “Nos primeiros dias, como ainda não estava entendo direito tudo o que estava acontecendo, senti uma vontade muito forte de fumar cigarro, mas poucos dias depois eu fiquei com nojo do cheiro e do gosto, então parei naturalmente. Ganja foi única substância que usei durante a minha gravidez inteira, o restante me senti na obrigação de parar, por medo de não saber o que poderia acontecer com o desenvolvimento da minha filha”.
Ari também nos conta que não usava cannabis para ficar “chapada”, e sim pelos efeitos medicinais e relaxantes. Atualmente, ainda é muito raro a analista de marketing fazer uso de alguma outra substância, além da cannabis. “Como não estou com o pai da minha filha, aproveito os momentos que ela está com ele para poder sair, beber e curtir com as minhas amigas. Quando estou com ela, eu mal bebo uma cerveja”. Já a cannabis não altera a forma como ela cuida da filha, pois, diferente do álcool, Ari relata que a mesma não altera a sua percepção.
Acompanhamento médico e apoio externo
Nem todas as mulheres conseguem um acompanhamento médico adequado durante a gestação. Outras, não se sentem confortáveis para falar sobre o uso de substâncias com a médica. Alice conta que sua posição quando suas pacientes falam sobre o uso de droga é aconselhar e convidar para participar do grupo de tabagismo das gestantes do SUS, além de conversar sobre a importância de ter um bom amparo, não passar por esse momento sozinha, e sim com uma rede de apoio.
A médica muitas vezes vê o uso da maconha associado com outros hábitos não saudáveis, por isso sempre ressalta às pacientes a importância de comer regularmente, fazer atividades físicas e se preservar, principalmente no começo, quando acontece toda a formação do sistema neurológico e cardiovascular. Nesse período, muitos remédios também não podem ser ministrados.
Fabi teve acompanhamento médico com a mesma médica nas duas gestações. A médica sabia e a orientava não exagerar no uso da cannabis durante a gestação. Na amamentação, a orientação da médica era fumar logo após amamentar. “Como tinha um espaçamento entre 3/4 horas entre uma mamada e outra, se eu fumasse logo depois de amamentar, até a próxima mamada meu organismo já teria absorvido uma grande parte da cannabis que consumi e o leite não seria afetado pelo uso.”
Além do acompanhamento médico, que deixou a empresária muito satisfeita, seu marido também foi muito presente no pré-natal e a ajudou em todas as tarefas com os bebês. “Ele foi um pai e marido maravilhoso”.
Ari teve dificuldades para encontrar um médico ideal. “Todos os médicos da rede particular que procurei queriam me cobrar valores absurdos para fazer o parto, eles não aceitavam apenas acompanhar o pré-natal e eu ter o bebê no PS da maternidade”. Por esse motivo, Ari escolheu ir pelo SUS, onde encontrou uma médica que a apoiou.
Já o pai da criança não ajudou muito a analista de marketing. “A gente vira mãe no momento que descobre que está grávida. Os homens parecem só se sentirem pais quando seguram o bebê no colo, infelizmente.” Ari passou por problemas internos bem profundos, sofreu de muita ansiedade e estresse. Ela também sentia muito enjôo, tonturas, náusea, azia, dor nas costas e até nas mãos, e não fazia uso de nenhum tipo de remédio, tentava amenizar as dores com métodos naturais como leite, suco verde e a cannabis.
Na questão psicológica, Ari define a cannabis como “parceira”, mas também refletiu sobre as consequências do seu uso. “Em alguns momentos eu me sentia mal por estar fumando e não ter informações o suficiente sobre o assunto, mas tentei reduzir os danos parando de fumar haxixe com tabaco e dando preferência às flores”.
Daiane*, que prefere não ser identificada, conta que teve acompanhamento médico, mas não achou necessário relatar sobre o uso de cannabis a ele. Ela deixou de fumar nos dois primeiro meses, mas depois voltar a usar porque passava muito mal e só se sentia melhor quando fumava. “Nenhum remédio que o médico passava melhorava meus enjoos e azia. Somente passava quando eu fumava”.
Júlia também teve acompanhamento médico durante toda a gravidez e sempre falou abertamente sobre o uso de cannabis. Nem todos tiveram empatia ao ouvir sobre o uso de cannabis, e alguns solicitaram muito cuidado. “Obviamente eu escutei os médicos, mas também ouvi meu instinto e o meu feeling”, conta a jornalista, que fumou a partir do quarto mês de gestação, principalmente pela questão espiritual.
“No período gestacional, a gente fica muito sensível, a gente fica muito à flor de pele, muito aberto às energias, e a cannabis me ajudou muito a colocar o pé no chão e também no meu processo de autoconhecimento.” Júlia acredita que a cannabis acelerou um processo para ela estabelecer questões de tranquilidade, paz e bem-estar consigo mesma.
A jornalista não se sentia fisicamente melhor ao usar cannabis. Mesmo assim, não usou e nem usa normalmente nenhum tipo de remédio alopático. “Há muita química e na minha opinião muito desses remédios só tem efeito placebo mesmo, eu busco sempre usar remédio fitoterápicos e homeopáticos”.
Raquel sofreu bastante com os sintomas da gravidez. Ela relata ter sentido enjoos, azia e também muitas dores no corpo. Mesmo assim, decidiu não fumar e não se arrepende. “Maternidade é conseguir aprender e lidar com abrir mão de algumas coisas por determinado tempo, porque não é mais só a nossa vida que importa, a gente está gerando uma vida.”
Gabi fez o pré-natal completo em uma UBS, acompanhamento em uma casa de parto e alguns cursos de preparação para o parto. Ela nunca se automedicou e sempre focou em manter uma alimentação muito boa durante a gestação.
Bella relata: “quando senti enjoo e meu obstetra me receitou um remédio da farmácia, parei pra refletir sobre o uso de medicamentos em geral, que muitas grávidas necessitam, e cheguei na conclusão que a ganja é um dos que possuem menores riscos e efeitos colaterais! Li a bula do remédio e fiquei me perguntando se não seria melhor substituir por algo natural, então voltei a fumar numa quantidade bem menor que antes, mas fumava”. Como tinha acesso a cannabis de qualidade, evitou o tabaco e fumou quando tinha enjoos.
Qual a intersecção, afinal, da liberdade do nosso corpo com a ciência? Alice reforça que os médicos não podem obrigar as gestantes a cessarem o uso de cannabis, mas relembra que existem opções para o controle da ansiedade e do nervosismo, além de aconselhar uma busca por atividades multidisciplinares, terapia, acompanhamento com uma doula e quando possível uma gravidez planejada.
Como as mães maconheiras esperam dialogar com seus filhos?
O processo de maternidade não acaba quando o filho nasce. Toda a formação da criança como ser humano, seus valores e crenças está relacionado com a maternidade. Será que falar com os filhos sobre o tabu do uso de maconha é um desafio ou uma oportunidade de criar uma geração mais consciente?
Gabi conta que, entre ela e sua mãe, também consumidora, a relação diante a cannabis é muito bacana. “Às vezes a gente fuma juntas e às vezes a gente faz corre uma para outra. Conseguimos conviver bem com a cannabis dessa forma, sempre buscando acessar o melhor produto possível e pensando em Redução de Danos”.
Caso seu filho fume, Gabi prefere que ele esteja com ela em casa do que na rua e sujeito a repressão policial. “Meu filho é um garotinho negro. Eu não posso esquecer que ele andando por aí, fumando escondido, seria suspeito. Eu preciso proteger ele disso, e proteger significa educar”. Ela também não tem medo dos estigmas de “mãe maconheira”, pois revela estar tranquila com a sua vida e consegue conciliar todas as suas atividades bem. “A gente não deixa de viver uma vida normal porque consome cannabis. Muito pelo ao contrário, às vezes é mais interessante fumar maconha do que ficar se automedicando com remédios muito fortes”.
Júlia ainda está conversando com seu marido para decidir como será a abordagem com a filha futuramente. “Não há nada melhor que a verdade. Talvez seja mais difícil, mas até lá eu vou me trabalhando e espero ser o mais franca e real o possível com ela”, revela a jornalista, que também não tem medo do estigma – acredita que o julgamento alheio só revela a pequenez daqueles que julgam, e quer transmitir à filha que maconha é uma planta que ajuda no crescimento espiritual. Mas tem uma condição caso ela também queira fazer o uso. “Se ela quiser provar vai ser somente quando atingir a maioridade, antes disso não”.
Raquel nasceu em uma família mais conservadora e contra ao uso de maconha. Ela, que fuma desde os 15 anos, já teve muitos problemas com os pais, e por isso quer fazer diferente com o filho. “Quero que ele confie em mim para me contar se um dia vai querer experimentar essas coisas, quero que ele tenha liberdade dentro da nossa casa. Não quero que ele precise ir em uma biqueira com os amigos ou seja pego fumando na rua pela polícia”.
Apesar de querer dar essa liberdade para o filho, Raquel também prefere que ele não fume maconha enquanto ainda estiver na escola. “Quero que ele entenda que sim, é muito bom fumar, mas tudo tem seu tempo”.
Ari está deixando as coisas rolarem naturalmente. “Atualmente minha filha tem 4 anos e ainda não acha que exista diferença entre cigarro e baseado, mas quando ela enxergar essa diferença eu penso em conversar com ela da melhor maneira possível”. Ari começou a fumar aos 14 anos e também quer dar abertura para a filha se sentir à vontade em conversar com ela sobre o assunto, mas espera que ela siga um caminho diferente do seu. “Não quero que ela entenda que é algo errado, mas também quero que ela entenda que tudo tem a sua hora e que ela deve esperar”.
Os filhos de Fabi têm 14 e 11 anos, e eles já sabem tudo sobre a relação da mãe com a maconha. A empresária também explicou sobre a história da cannabis, os motivos do proibicionismo, as propriedades medicinais, como são os países onde o uso é legalizado e a legislação do Brasil. “Eu falo com meus filhos sobre todos os tabus abertamente, sexo, drogas e rock’n roll. Acredito que a informação é uma arma forte para que eles não tenham essa curiosidade tão exagerada quanto às pessoas que não têm essa liberdade de dialogar dentro de casa”.
“Penso bastante nesse lance de ser ‘mãe maconheira’”, conta Daiane*, que, enquanto o filho for pequeno, quer fazer o máximo para que ele não saiba. “Quando ele tiver idade para entender, quero conversar sobre o assunto abertamente e sem reprimir. Sabemos que os jovens podem ser bem rebeldes ao lidar com a repressão”.
Tati sempre escondeu das suas filhas que fumava. Quando elas eram pequenas, ela e o marido saiam escondidos para fumar inclusive em eventos de família. “Elas só ficaram sabendo quando já estavam mocinhas, pois acharam nas minhas coisas”. Depois de assumir que fumava a vida de Tati mudou: “foi uma libertação ter contado para elas que fumo”. Agora, a ativista cannabica conversa sobre tudo com as filhas, que lidam com a cannabis de forma diferente entre si. “A mais velha respeita que eu fume, mas não aceita de forma alguma o fato de eu ter uma planta em casa. A do meio, coincidentemente a que fumei durante a gestação, também fuma de vez em quando. A mais nova não gosta de fumar, mas me respeita”.
Tati acredita que hoje há muito mais informação e diálogo aberto, apesar do preconceito na sociedade. “Quando eu era adolescente não tinha informação nenhuma, eu nem sabia que maconha era uma flor. Com o tempo acho que as informações foram chegando”.
Devido ao fato dos estudos serem inconclusivos, não recomendamos, assim como os principais centros de saúde , que mulheres grávidas e lactantes façam o uso de cannabis. Porém estamos abertas a acolher e ouvir todas as mulheres sem julgamento – as mulheres que decidiram dar continuidade ao uso dessa planta ou não. Estar aqui, discutindo esse tema tão tabu, é poder nos aproximar dessa experiência, e encontrar essas mães exatamente onde elas estão.
Se libertar do estigma aproxima, e, inclusive, torna possível fazer encaminhamentos, encontrar profissionais que tenham perspectivas menos proibicionistas, e conseguem acolher melhor essas mães que, em sua autonomia, fazem o uso de cannabis durante a gravidez e ou amamentação.
*Nomes foram alterados para preservar as entrevistadas
FONTES:
Periódicos digitais:
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/maconha-na-gravidez-artigo/
https://www.healthline.com/health/pregnancy/smoking-weed
https://www.vox.com/science-and-health/2018/11/20/18068894/marijuana-pregnancy
Pesquisas científicas:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0376871618301649
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0376871617302156
https://insights.ovid.com/crossref?an=00006250-201710000-00059
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1701216319309843
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0306460319308482#bbb0080
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0002937819317314
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6370295/
http://druglibrary.org/schaffer/hemp/medical/can-babies.htm
Editado em: 03/03/2020.
Leia e também entre em contato com o Dr. Sunny se precisar de um forte feitiço de amor para resolver seu relacionamento rompido.
Quando estava grávida de seis meses do meu segundo filho, divorciei-me do meu marido. Desde que nosso primeiro filho foi concebido, estávamos discutindo e discutindo sem parar, ela não amava mais nenhum amor ou confiança dele, então ele se divorciou de mim. E durante todo esse tempo, tentei todos os meios diferentes para trazê-lo de volta, também tentei algumas rodas mágicas diferentes em meu país de residência, mas nenhuma delas conseguiu trazer Tom de volta para mim. Foi apenas a Dra. Sunny que garantiu um feitiço urgente de 48 horas, e me garantiu que meu marido estaria comigo novamente. Estou escrevendo para agradecer e agradecer por manter suas promessas e por usar sua grande e talentosa força para trazê-lo de volta para casa. Fiquei animado em saber que você é especialista em fundir os Amantes. Obrigado, senhor, por me ajudar nos piores momentos da minha vida em que fui um grande mago da magia e que ele me deu a magia do amor que me trouxe tanta alegria no meu casamento. Meu marido está de volta e prometo nunca mais me deixar. Se você duvida da habilidade dele, acredite em mim. Você deve ter uma chance. É recompensado de maneiras que você nem poderia imaginar. Se você está mais forte agora e precisa de um feitiço de amor forte e urgente para trazer de volta seu contato gentil com o Dr. Sunny, agora é a única resposta para restaurar seu relacionamento ou casamento rompido. [email protected] ou Whatsapp para ele em +2348082943805. Obrigado.
Muito obrigada por essa matéria, precisava muito conhecer sobre pontos de vista de mulheres usuárias pois me sentia muito culpada, já que decidi não usar mas muitas vezes tive recaídas, pois antes da gravidez fumava todos os dias e parar totalmente tem sido bem difícil
Ótimo texto, me esclareceu muitas dúvidas. Estou com 5M e parei de fumar logo que descobri a gestação, não tive recaídas mas pensava em fumar após o parto.
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Ótimo texto, me esclareceu muitas dúvidas. Estou com 5M e parei de fumar logo que descobri a gestação, não tive recaídas mas pensava em fumar após o parto.
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Quando estava grávida de seis meses do meu segundo filho, divorciei-me do meu marido. Desde que nosso primeiro filho foi concebido, estávamos discutindo e discutindo sem parar, ela não amava mais nenhum amor ou confiança dele, então ele se divorciou de mim. E durante todo esse tempo, tentei todos os meios diferentes para trazê-lo de volta, também tentei algumas rodas mágicas diferentes em meu país de residência, mas nenhuma delas conseguiu trazer Tom de volta para mim. Foi apenas a Dra. Sunny que garantiu um feitiço urgente de 48 horas, e me garantiu que meu marido estaria comigo novamente. Estou escrevendo para agradecer e agradecer por manter suas promessas e por usar sua grande e talentosa força para trazê-lo de volta para casa. Fiquei animado em saber que você é especialista em fundir os Amantes. Obrigado, senhor, por me ajudar nos piores momentos da minha vida em que fui um grande mago da magia e que ele me deu a magia do amor que me trouxe tanta alegria no meu casamento. Meu marido está de volta e prometo nunca mais me deixar. Se você duvida da habilidade dele, acredite em mim. Você deve ter uma chance. É recompensado de maneiras que você nem poderia imaginar. Se você está mais forte agora e precisa de um feitiço de amor forte e urgente para trazer de volta seu contato gentil com o Dr. Sunny, agora é a única resposta para restaurar seu relacionamento ou casamento rompido. [email protected] ou Whatsapp para ele em +2348082943805. Obrigado.
Ótimo texto, me esclareceu muitas dúvidas. Estou com 5M e parei de fumar logo que descobri a gestação, não tive recaídas mas pensava em fumar após o parto.
Quando eu descobri minha gravidez eu deixei de fumar no primeiro trimestre pois não é indicado, as chances de um aborto espontâneo eram muito grandes então voltei a fumar no 5° mês.. meu filho nasceu e eu nunca deixei de fumar..hj ele tem 9 meses e é um garotinho maravilhoso..até hj eu fumo..mais tenho medo..pois minha mãe abomina minha prática..msm assim eu não consigo parar de fumar…pois me ajuda bastante com minha ansiedade e depressão..
Você fumava cigarro ou maconha?
Eu tambem! Mesmo caso e mesma idade do bebê também! 💖
O segundo filho da Tati nasceu bem?