Os terpenos são a parte mais importante no que diz respeito ao sabor e aos aromas da maconha, certo? Aparentemente, não é bem assim! Uma nova pesquisa, realizada pela Abstrax e publicada pela American Chemical Society, identificou “compostos previamente não descobertos” da cannabis que mudam completamente o que a gente achava que sabia sobre o que confere cada perfil olfativo único presente nas plantas.
Isso não significa que os terpenos sejam irrelevantes em todos os processos e efeitos proporcionados pela maconha. Apenas que seu papel nos diferentes sabores de cepas específicas pode ter sido superestimado — pelo menos de acordo com os pesquisadores. Que loucura, não é mesmo?
Mas vamos ao que interessa! Quais são esses compostos tão deliciosos que fazem a Papaya ter gostinho de mamão e a GMO ser salgada? Aqui, vamos explicar as principais descobertas desse estudo que promete mudar muita coisa na indústria. Vem com a gente!
Como esse estudo foi realizado?
Para entender os mecanismos por trás do sabor da maconha, um grupo de pesquisadores da Abstrax Tech examinou 31 variedades de hash rosin. As amostras foram classificadas e divididas em três categorias: exóticas doces, prototípicas (cannabis com aroma médio) e exóticas salgadas.
Mas o negócio é o seguinte: muitas dessas cepas, mesmo em classificações opostas, apresentava um perfil de terpenos extremamente similar. Foi aí que os cientistas entenderam que os terpenos não são uma variável definitiva para determinar o gostinho da sua planta favorita.
Então, variedades com aromas intensos foram examinadas em busca dos compostos que poderiam ser responsáveis por aromas marcantes. Os resultados mostraram a presença de vários compostos únicos, como álcoois, ésteres, aldeídos e outros. Eles produzem perfis aromáticos que variam de frutados a doces, tropicais ou gasosos.
Além de proporcionar uma compreensão mais aprofundada do que contribui para o aroma único de cada variedade de maconha, o artigo afirma que essa descoberta pode ajudar na criação de uma classificação mais precisa. Afinal, como a gente já sabe, indica e sativa são conceitos bem ultrapassados. Urge, na indústria, algo que consiga explicar melhor ao consumidor o que ele está usando.
Entendendo melhor o sabor da maconha

TJ Martin, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento na empresa de extração Abstrax, explicou que o grupo de pesquisadores encontrou correlações claras entre compostos menores-chave, ou espécies de flavorizantes naturais, nunca antes vistos na cannabis e alguns de seus aromas mais desejáveis. Mas quais seriam esses compostos?
- Cepas exóticas doces com um aroma mais cítrico frequentemente contêm uma nova classe de compostos voláteis sulfurosos tropicais. Eles são abreviados como “tropicannasulfurs”. Eles estão presentes em variedades como Papaya, Guava ou Tangie, onde o aroma cítrico e adocicado é predominante.
- Já as variedades consideradas mais salgadas, como GMO e Chemdawg, contêm um composto chamado “escatol”. O escatol é encontrado naturalmente em fezes mamíferos e aves e é parcialmente responsável pelo odor fecal. No entanto, em baixos níveis, ele adquire um aroma completamente diferente, com notas salgadas e gasosas.
Em ambas as classificações, não é apenas uma molécula que confere o aroma único à planta. Ele é resultado de uma interação complexa de dezenas, se não centenas, de compostos aromáticos. Além dos aromas doces e salgados, existem outros, como floral, frutado, cremoso e químico, que também são produzidos por outros compostos únicos.
Os ésteres são apontados como principais contribuintes para o aroma frutado. Algumas variedades, como Banana Scream, apresentam mais de 15 ésteres únicos que contribuem para o aroma! A pesquisa da Abstrax Tech é a primeira vez que essas pequenas moléculas foram diretamente atribuídas à maconha e seu sabor.
Propriedades terapêuticas ainda precisam ser investigadas
Além do sabor, o que mais esses compostos únicos podem proporcionar? Semelhante aos terpenos, a hipótese é que esses flavorizantes também possam produzir alguma atividade biológica que contribua para os efeitos únicos das diferentes variedades.
Por exemplo: os autores do estudo identificaram o indol e o escatol como responsáveis por alguns dos aromas salgados e químicos da maconha. Esses compostos, semelhantes a outros produzidos pelo nosso corpo ou encontrados na natureza, são conhecidos por suas propriedades anticâncer e atividade no receptor CB2.
Entretanto, mais estudos são necessários para aprofundar esse conhecimento!
O papel dos terpenos no sabor da maconha

Como a gente já mencionou, um dos principais pontos destacados pela pesquisa foi que usar os terpenos para indicar perfis acurados de sabor e aroma em variedades de maconha parece ser furada. Mas o que isso significa, então?
Terpenos, que compõem cerca de 1 a 4% da massa total da flor de maconha, contribuem em seus aromas. Entretanto, eles “em geral fornecem informações mínimas sobre os atributos aromáticos únicos de muitas variedades de cannabis”. Por isso que, mesmo entre grupos de variedades com conteúdos de terpenos semelhantes, os odores podem ser completamente diferentes.
Segundo o estudo, o limoneno é um dos piores compostos para usar de referência quando você estiver tentando prever o gosto ou cheiro de uma variedade. Isso porque ele é um dos mais comumente encontrados em grandes quantidades, seja em cepas com aromas ricos e salgados ou leves e cítricos. Ou seja: ele não é um indicador confiável.
Já as variedades ricas em terpinoleno são algumas das únicas que podem ser diferenciados com base apenas nos terpenos. Detre elas, destacam-se , as Trainwreck, Jack e muitas Hazes. Enquanto plantas ou concentrados com certos terpenos dominantes, como mirceno, cariofileno e limoneno, podem produzir aromas drasticamente diferentes, as variedades de terpinoleno tendem a ser semelhantes e mais facilmente reconhecíveis.
Mas isso não significa que os terpenos não tenham poderes terapêuticos incríveis, como já descrevemos por aqui. Eles também são fundamentais para o Efeito Comitiva, ou Efeito Entourage. De acordo com ele, os compostos encontrados na maconha agem em conjunto para produzir os efeitos desejados — e minimizar potenciais problemas.
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Até a próxima!
FAQ
Quais compostos são responsáveis pelo sabor da maconha?
Uma nova pesquisa mostrou que os terpenos não são os principais agentes de sabor e aroma da maconha. Os resultados mostraram que eles são, na verdade, derivados de compostos únicos, como álcoois, ésteres, aldeídos e outros. Eles produzem perfis aromáticos que variam de frutados a doces, tropicais ou gasosos, e são chamados de flavorizantes.
Qual o composto responsável pelo sabor doce da maconha?
Cepas exóticas doces com um aroma mais cítrico frequentemente contêm uma nova classe de compostos voláteis sulfurosos tropicais, abreviados como “tropicannasulfurs”. Eles estão presentes em variedades como Papaya, Guava ou Tangie, onde o aroma cítrico e adocicado é predominante.
E qual o composto responsável pelo sabor salgado na planta?
As variedades consideradas mais salgadas, como GMO e Chemdawg, contêm um composto chamado “escatol”. O escatol é encontrado naturalmente em fezes mamíferos e aves e é parcialmente responsável pelo odor fecal. No entanto, em baixos níveis, ele adquire um aroma completamente diferente, com notas salgadas e gasosas.
Os terpenos são responsáveis pelo sabor e aroma da maconha?
De acordo com novos estudos, os terpenos são agentes secundários no quesito aroma/sabor da maconha. Existem outras substâncias, conhecidas como flavorizantes, que conferem gostos e cheiros mais específicos às diferentes variedades.