A agricultura regenerativa mostra alternativas que auxiliam na produção orgânica consciente. Em tempos de mudanças climáticas, é mais que necessário tomar cuidados com o solo de suas plantações!
Em tempos nos quais tanto debatemos o uso de inúmeros agrotóxicos prejudiciais à saúde; os problemas da monocultura para o meio ambiente; toda a relação entre a agricultura tradicional com o desmatamento e, consequentemente, o aumento visível dos seus efeitos para a natureza e mundo como um todo, repensar a maneira como cultivamos o que consumimos é mais do que necessário. Vocês sabiam que a agricultura é uma das grandes responsáveis por mudanças climáticas?
A agricultura orgânica é um enorme avanço para diminuir os impactos do cultivo desenfreado no planeta, mas é possível ir além. A agricultura regenerativa chega para transcender os orgânicos, e pode ser a chave para minimizar os impactos negativos do cultivo não apenas da nossa querida cannabis, mas de grande parte das produções agrícolas – fontes de fibra, alimentos e combustíveis de fontes renováveis.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade do Estado da Califórnia, a agricultura regenerativa é uma prática holística de cuidado com a terra que “entre outros benefícios, reverte as mudanças climáticas, reconstruindo a matéria orgânica do solo e restaurando sua biodiversidade degradada – resultando em retirada de carbono e melhoria no ciclo da água”. Mas o que exatamente isso significa? Vem com a gente que vamos mergulhar nesse prática e conceito mágico!
O que a agricultura regenerativa faz
A agricultura regenerativa tem como principal objetivo reverter os danos causados pela monocultura. Suas práticas buscam restaurar as condições do solo e torná-lo resiliente, evitando sua erosão e utilizando ingredientes naturais para gerar colheitas saudáveis e fartas – tanto para quem vai consumir quanto para a natureza. Alguns de seus maiores preceitos são:
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Rotação de culturas ou cultivo de mais de um tipo de vegetal no mesmo espaço;
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Plantio o ano todo em circuito fechado, sem deixar a terra vazia entre safras, para evitar a erosão do solo;
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Cultivo com menos (ou sem) aração de campos;
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Pastagem de gado, que estimula naturalmente o crescimento das plantas;
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Uso de insumos 100% naturais para fertilização, como esterco ou outros resíduos orgânicos;
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Sem transgênicos para promover e preservar a biodiversidade;
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Bem estar animal e práticas de trabalho justas para os agricultores.
Segundo pesquisadores, a agricultura regenerativa, através dessas premissas, pode ajudar a reverter as mudanças climáticas. Algumas práticas, como arar o solo para o plantio, resulta na emissão do carbono armazenado por raízes antigas que se encontram na terra. Na atmosfera, o elemento se combina com o oxigênio para formar dióxido de carbono, um dos principais gases de efeito estufa. Liberar esse carbono também prejudica a saúde do solo, dificultando o crescimento de novos vegetais.
Manter uma raiz viva no solo o tempo todo, como prevê a agricultura regenerativa, ajuda a fazer o ciclo de nutrientes sem retirar o carbono armazenado. Enquanto isso, o uso de compostos orgânicos aumenta a variedade do microbioma da terra, que alimenta as plantas e ajuda a gerenciar pragas. As boas bactérias que vivem no solo, ao contrário dos fertilizantes artificiais, não liberam nitrogênio (outro gás de efeito estufa). Também é importante o plantio cruzado, ou seja, de mais de uma espécie no mesmo espaço, o que ajuda a prevenir pragas na colheita sem o uso de pesticidas – que acabam com a microbiota do solo.
Essas práticas agrícolas podem ajudar a restaurar o equilíbrio natural de solos saudáveis, que prosperam com a vida, e que são um dos maiores consumidores de CO₂ do nosso planeta. Segundo um relatório de 2014 do Rodale Institute, mudar para a agricultura regenerativa pode ajudar a absorver 100% do dióxido de carbono emitido na atmosfera atualmente.
Agricultura regenerativa e cannabis
Agricultura Regenerativa e Cannabis?
A agricultura regenerativa resulta na cannabis que queremos ver no mundo: 100% natural, limpa, produzida de maneira ética com a humanidade e natureza, e com grande qualidade na nos canabinóides e terpenos devido ao solo vivo, balanceado e cheio de vida! Nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, Oregon e também no Canadá, já existe um crescente movimento na busca por fazendas canábicas regenerativas. Quem segue todas as premissas recebe certificados, que mostram que o consumidor está usando um medicina puro.
Dois dos principais selos da agricultura regenerativa canábica por lá são o DEM Pure Commitment, da Dragonfly Earth Medicine, e o Regenerative Cannabis Award, da Emerald Cup. A DEM é uma pequena fazenda familiar, que se dedica pela regeneração e a saúde da terra e de seus habitantes. Kelly e Josh dedicam suas vidas para contribuir com a vitalidade do solo, plantas, micologia, produção sustentável e de alimentos que transcenderam para o estilo de vida que levam. Tivemos a chance de dividir momentos especiais com eles na conferência “The Science of Organic Regenerative Cannabis Cultivation” que aconteceu agora em fevereiro na Califórnia e vamos contar mais para vocês em um próximo post e vídeo!
A Flower Daze Farm, do norte da Califórnia, recebeu as duas certificações por suas práticas holísticas e seu cuidado com a terra, elemento considerado sagrado pela fazenda e seus trabalhadores. Em 2016, eles fundaram uma associação de agricultores locais, cuja missão é promover práticas ecologicamente responsáveis para proteger a saúde e o bem-estar da vida selvagem, florestas, bacia hidrográfica e economia da comunidade. Agora, segundo a Flower Daze, o foco do trabalho é uma iniciativa de reflorestamento em toda a comunidade, que permite que proprietários privados trabalhem coletivamente para manter as florestas e restaurar nossos ecossistemas florestais.
Seu trabalho incrível de cuidado com a natureza e seus recursos gerou o livro “The Flowerdaze Farm Regenerative Guide to Cannabis”. Nele, Jacob Johnson e Karla Avila, dois cultivadores da fazenda, explicam tudo o que é necessário saber para tratar do solo enquanto, ao mesmo tempo, ele dá origem à cannabis da melhor qualidade. Quanto mai
s você dá a terra, mais ela devolve para você. Esse é o maior lema não apenas da fazenda, mas da agricultura regenerativa como um todo. Pensar a longo prazo, em nutrir a terra e não só retirar dela.
“Como líderes comunitários no movimento da Agricultura Regenerativa, estamos profundamente comprometidos em usar apenas as práticas mais ecológicas, sustentáveis e holísticas do cultivo. Para nós, é mais do que uma paixão, é um modo de vida. Por fim, a prova está no pudim, e sabemos que amamos pessoalmente o sabor das flores – 100% puro e inalterado”, frisou o casal em um post no blog da fazenda. Eles ainda divulgaram os resultados dos testes feitos em suas duas variedades, Key Lime Pie e Strawberry Cough. Ambas revelaram ótimas concentrações de terpenos e canabinóides, além de estarem totalmente livres de pesticidas e bactérias causadoras de doenças!
Em um momento no qual tudo é tão novo para o plantio legal da cannabis, é mais do que incrível perceber que existem tantas pessoas interessadas em tornar essa planta mais pura e saudável não apenas para quem a consome, mas também para o solo onde ela cresce. Embora o movimento regenerativo seja relativamente novo, cabe a nós, estudiosos canábicos, procurar saber e se envolver cada vez mais com essa forma de cultivo consciente. Estamos apenas começando, e é entusiasmante pensar o quão mais sustentáveis podemos ser quando cultivamos!
FONTES:
https://regenorganic.org/pdf/ROC-Framework.pdf
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